Francisco Louçã

Francisco Louçã

Professor universitário. Ativista do Bloco de Esquerda.

Se pensava que com a comissão de inquérito ao BES e com os longuíssimos testemunhos dos banqueiros, contabilistas e afins ficou a saber como funcionava a elite da economia nacional, pois prepare-se para mais notícias surpreendentes.

Qualquer eleição regional ou local tem leituras nacionais e só podemos conversar sobre o assunto partindo desta constatação: é diferente, mas os resultados contam mesmo.

Como as crianças, as boas novas chegam de Paris no bico de uma cegonha: o Presidente Cavaco Silva anunciou que o crescimento em 2015 será de 2%.

A internet e, em particular, o cruzamento entre telemóvel e internet, tornou-se um meio de comunicação universal: dentro de cinco anos, só um quinto dos adultos não terá na sua mão um smartphone ou outro aparelho equivalente, dizem-nos os especialistas.

Para a Grécia, ganhar tempo pode ser útil. Mas o tempo tem um preço: em junho, no fim do acordo, ou a Grécia estabelece um novo programa de austeridade ou pedirá financiamento nos mercados, se não tiver uma alternativa de redução substancial e imediata do serviço da dívida.

O ultimato à Grécia é o culminar do desastre da austeridade. Mas é também o início de tempos muitos mais perigosos.

A convenção realizada no passado fim de semana foi um êxito para o Livre-Tempo de Avançar. O projeto e o programa merecem ser discutidos porque são um contributo importante para a clareza que é indispensável no futuro imediato.

A pobreza aumentou acentuadamente desde o início da austeridade (governo Sócrates), e ainda foi mais agravada com todas as medidas da troika e com Passos Coelho e Portas no governo.

Se a Europa se tornou o nome e a coisa da austeridade, o que pode fazer um governo de esquerda na Europa? E, se o centro desfaleceu, pode um partido de esquerda representar a aspiração e a mobilização popular realizando a sua ambição maioritária? Um e outro são uma agenda de curto prazo. Não há tempo para recuar nem oportunidade de corrigir. Por isso se pergunta: preparado?

Uma cultura religiosa a esclarecer os limites da caricatura é sempre menos do que uma regra de laicidade, porque na primeira só cabem os conversos e fiéis, ao passo que na segunda cabe a liberdade para todos.