Francisco Louçã

Francisco Louçã

Professor universitário. Ativista do Bloco de Esquerda.

Um publica uma revista paga pela Câmara com 260 fotos suas em 252 páginas, outro impõe a sua fotografia emoldurada em todos os gabinetes do partido. Ambos se adoram a si próprios, o que é bonito.

Em qualquer caso, não deixa de ser espantoso que na primeira eleição desde 1986 que vai ter uma segunda volta, estes candidatos possam nem sequer ter a ambição de lá chegarem.

As esquerdas conservadoras têm um passado e um presente, e ambos as definem como um projeto político: o seu passado é o campismo e o seu presente é o sectarismo.

Guerra infinita, governo pelo medo e comunicação totalizante ao serviço de uma burguesia que acarinha a extrema-direita, é o que temos.

Continuo a pensar que uma política responsável na habitação, na gestão do espaço público, na política de transportes e transição climática ou na criação cultural é fundamental para quem vive na cidade. E disso só desiste quem quer desistir.

O que nenhum dos candidatos até agora fez é o mais óbvio: dizer simplesmente “sou candidato” e, já agora, em prol de quê. Só que para isso têm de ponderar, decidir e colocar-se de dentro, o que é muito inconveniente, enquanto o mundo, espantosamente distraído, pensa noutras coisas.

Está a ser investigado se foram causadas 11 mortes por alegada negligência do INEM, ou insuficiência de meios. Quando houve uma morte em circunstâncias dificilmente comparáveis, a direita exigiu a demissão de Marta Temido e esta saiu. Agora que houve 11, resta concluir que é menos do que uma.

Em nome da fantasia de um exército de robots obedientes a algum grande educador do proletariado, a esquerda conservadora propõe na Alemanha a deportação de imigrantes.

Haver um presidente fascista é já um passo importante para o abismo, um ponto de partida que torna imprevisíveis as suas acções. Para Trump, só existe a lógica superior de subordinar a política à manutenção do seu próprio poder.

Este Orçamento era um manifesto eleitoral, servia para ser exibido na campanha em janeiro e, se tem de ser aplicado, fica curto de verbas e de razões. Não tem dinheiro, o que é que não perceberam?