Francisco Louçã

Francisco Louçã

Professor universitário. Ativista do Bloco de Esquerda.

Esta medida, que provoca o pânico nos mercados bolsistas e ainda mais incerteza económica, pode gerar uma recessão que arraste todas as economias. Recessão com inflação, ou trumpflação, é um perigo que nos ameaça. É o que dá ter um fascista na Casa Branca.

Os países da União Europeia gastam em armamento e por ano o triplo do que gasta a Rússia. A Europa tem uma gigantesca superioridade militar em relação à Rússia (e, já agora, gasta em despesa militar mais do que China). 

Resta saber se o compromisso com uma campanha esclarecedora e fora da lama, com propostas e compromissos fortes, com a rejeição frontal desta zizânia indecorosa e pantanosa, reforçará a esquerda. Digo-vos que estou certo de que sim.

Como Leopoldo, rei dos Belgas no final do século XIX, Donald Trump olha para a Ucrânia como o seu quintão privado, que poderá partilhar com os seus amigos, sobretudo os superoligarcas que o rodeiam na Casa Branca. Será diferente o modo de Trump encarar as riquezas da Ucrânia? Pois não é.

Um publica uma revista paga pela Câmara com 260 fotos suas em 252 páginas, outro impõe a sua fotografia emoldurada em todos os gabinetes do partido. Ambos se adoram a si próprios, o que é bonito.

Em qualquer caso, não deixa de ser espantoso que na primeira eleição desde 1986 que vai ter uma segunda volta, estes candidatos possam nem sequer ter a ambição de lá chegarem.

As esquerdas conservadoras têm um passado e um presente, e ambos as definem como um projeto político: o seu passado é o campismo e o seu presente é o sectarismo.

Guerra infinita, governo pelo medo e comunicação totalizante ao serviço de uma burguesia que acarinha a extrema-direita, é o que temos.

Continuo a pensar que uma política responsável na habitação, na gestão do espaço público, na política de transportes e transição climática ou na criação cultural é fundamental para quem vive na cidade. E disso só desiste quem quer desistir.

O que nenhum dos candidatos até agora fez é o mais óbvio: dizer simplesmente “sou candidato” e, já agora, em prol de quê. Só que para isso têm de ponderar, decidir e colocar-se de dentro, o que é muito inconveniente, enquanto o mundo, espantosamente distraído, pensa noutras coisas.