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Zonas de emissões reduzidas: cidades portuguesas na cauda da Europa

Zonas de emissões reduzidas proliferam nas cidades europeias e são eficazes na redução da poluição e das emissões de dióxido de carbono, revela um estudo divulgado pela Zero. Cidades portuguesas estão a ficar para trás.
Rua sem carros - Foto de bragaciclavel.pt
Rua sem carros - Foto de bragaciclavel.pt

A associação ambientalista Zero divulgou, em comunicado, um estudo que revela que as zonas de emissões reduzidas (ZER) têm vindo a aumentar nas cidades da Europa, com resultados muito benéficos no combate à poluição, na redução das emissões de dióxido de carbono e na qualidade do ar.

O estudo, elaborado no âmbito da Campanha Cidades Limpas, promovida por uma coligação de ONG de que a Zero faz parte, mostra que, nas cidades europeias, já há 320 zonas onde o acesso a carros mais antigos (os mais poluentes) é restringido. O crescimento é de 40% face a 2019. As ZER proíbem carros a gasóleo da norma Euro 4 (2005) ou mais antigos, e gasolina Euro 3 (2001) ou mais antigos. Em algumas zonas é obrigatório o pagamento de uma taxa à entrada.

O número das ZER deverá crescer 58% na Europa até 2025. Em Espanha haverá 146 novas ZER até 2024, e em França 34 até 2025.

Em 27 ZER serão implementados critérios mais rigorosos e Paris, Amesterdão e Copenhaga deverão recusar entrada a todos os veículos a gasolina e diesel até ao final da década. Bruxelas deverá fazer o mesmo até 2035.

Zonas sem carros são benéficas para a qualidade do ar e para o comércio

No comunicado, a Zero refere que, segundo a OMS, a poluição atmosférica é uma emergência de saúde, que causa mais de 300 mil mortes na União Europeia e cerca de 6 mil em Portugal.

Aponta também que os estudos mostram que as ZER asseguram fortes melhorias na qualidade do ar e fazem aumentar as vendas no comércio.

Segundo o estudo divulgado pela Zero, recentes sondagens apontam que a maioria dos habitantes das cidades defende que os automóveis a gasolina e gasóleo sejam progressivamente proibidos de entrar nas cidades.

Cidades portuguesas estão a ficar para trás

De acordo com o comunicado, em Portugal só existe uma ZER em Lisboa, “mas de efeitos praticamente nulos dada a sua profunda desatualização em termos de exigências e ausência de fiscalização eficaz”. Refere o comunicado que, por exemplo, na Avenida da Liberdade, que faz parte da zona, os limites de poluição são sistematicamente violados.

Também não há planos anunciados para a instauração de novas ZER e zonas sem carros.

Em Lisboa, o projeto de criação de uma ZER no centro da cidade foi metido na gaveta pela atual Câmara de maioria de direita.

A ZERO defende que as ZER são "um instrumento de política pública aos dispor das cidades para melhoria do ar e do conforto público, mas que em Portugal não está a ser devidamente aproveitado”. A associação destaca que para implantar essas zonas a médio prazo é preciso preparar o caminho pelas autarquias, começando nos centros históricos e alargando as ZER às zonas mais periféricas.

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