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Violência doméstica: Aumenta o número de vítimas de "stalking", revela a APAV

Num relatório divulgado pela organização e citado na edição desta terça-feira do “Jornal de Notícias”, Daniel Cotrim, responsável da associação, afirmou que “todos os dias é reportado um crime de perseguição persistente de alguém rejeitado” e que este tipo de crime devia merecer mais atenção uma vez que está com muita frequência associado “aos atos mais hediondos dentro da categoria da violência doméstica” e que no limite termina em homicídio.
Para Daniel Cotrim o “stalking” tem uma ligação muito estreita ao “homicídio conjugal” e acrescenta que os atos de perseguição persistente são por norma “desvalorizados”.
“Dizem que o ex-companheiro não se adaptou à ideia de separação, que precisa dum tempo”, refere Daniel Cotrim que chama ainda a atenção para o facto de as vítimas “não terem noção do que lhes está a acontecer e correm, muitas vezes, risco de vida”.
Associação a "atitudes românticas"
De acordo com o estudo da APAV, o tipo de comportamento evidenciado por um "stalker" pode confundir-se com atos associados ao romantismo porque num primeiro momento tem um carácter “amistoso” e até “inofensivo”, e pode passar pela oferta de flores, cartões com declarações de amor, vários telefonemas e também envio de mensagens.
No entanto aquele jornal adianta que este tipo de atitudes tem um segundo momento que passa pela aproximação do potencial agressor aos amigos e familiares das vítimas com o intuito de recolher informações, além de visitas aos locais que esta frequenta o que configura um aumento nas estratégias de perseguição que podem conduzir a atitudes de violência.
Até 2005, o "stalking" enquadrava-se nos crimes de devassa da vida privada ou ofensa físicas, mas a partir dessa data passou a ter enquadramento jurídico específico o que permite que os seus autores possam ser condenados a pena de prisão até três anos.
Do relatório da APAV relativo a 2016 indica que houve 35411 atendimentos, ou seja, mais 8,1 por cento do que há três anos e destes 41,6 por cento levaram a queixas policiais.
O responsável da APAV nota ainda o aumento de 3,3 por cento de apoio a idosos e também a homens que registou um crescimento de 9,4 por cento.
No entanto, as mulheres continuam a ser as principais vítimas destes crimes porquanto há registo de 100 pedidos de ajuda por semana.
Na caracterização das vítimas cabe ainda destacar que a idade média da mulher que se vê envolvida nesta situação é de 43,6 anos sendo que 28 por cento têm filhos. Em termos de habilitações escolares regista-se um maior número de pessoas com estudos superiores.
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