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Venda global de armas: empresas norte-americanas reforçam domínio

Em 2018, os Estados Unidos viram aumentado o seu domínio no comércio global de armas, tendo as vendas chegado aos 222,3 mil milhões de euros. A informação é de um relatório do Instituto Internacional de Estudos de Paz de Estocolmo, que não inclui dados da China.
Fotografia: www.wyomingpublicmedia.org
Fotografia: www.wyomingpublicmedia.org

O Instituto Internacional de Estudos de Paz de Estocolmo (SIPRI) divulgou esta segunda-feira que o domínio das empresas norte-americanas no comérgio global de armas aumentou em 2018, passando para 59% do volume total no que concerne às 100 principais empresas do ramo.

Com um volume de 222,3 mil milhões de euros, os Estados Unidos viram o seu domínio crescer 7,2% em relação a 2017 no que toca a vendas de armas. As 100 maiores empresas de armas aumentaram 4,6% em 2018, para 379,6 mil milhões de euros, tendo havido um aumento de 47% desde 2002, data em que o SIPRI fez o seu primeiro estudo.

De resto, pela primeira vez desde 2002, as cinco maiores empresas de venda de armas pertencem aos EUA: Lockheed Martin, Boeing, Northrop Grumman, Raytheon e General Dynamics. Estes dados, contudo, podem não ser absolutos, uma vez que o relatório não inclui empresas chinesas, argumentando que não há dados confiáveis.

“As empresas norte-americanas estão a preparar-se para o novo programa de modernização de armas anunciado pelo Presidente [norte-americano, Donald] Trump em 2017. Muitas juntaram-se para produzir a nova geração de sistemas de armas e estão em melhor posição para fazer contratos com Governo”, pode ler-se no estudo.

Em setembro deste ano, a NRA, National Rifle Association, a face mais visível da defesa da liberalização do uso de armas nos EUA, foi considerada pelo órgão executivo autárquico da cidade de São Francisco como uma “organização terrorista doméstica”.

 

 

Outros países

A venda de armas na Rússia diminuiu ligeiramente, uma vez que as vendas das dez empresas incluídas no estudo, e que chegaram aos 32,7 mil milhões de euros, representam menos 0,4% do que em 2017.

Por sua vez, as empresas europeias venderam 92,2 mil milhões de euros, pouco mais do que em 2017. O Reino Unido representa um terço do continente, embora o volume total de empresas britânicas tenha caído quase 5% em relação ao ano anterior.

Em setembro passado, foi noticiado que o governo britânico admitia vendas ilegais de armas à Arábia Saudita. Liz Truss, secretária de Estado do governo de Boris Johnson, pediu desculpas pelo governo ter emitido duas licenças de vendas de equipamento militar que pode vir a ser usado no Iémen. 

Em novembro, Marisa Matias, eurodeputada do Bloco, lembrou que, na União Europeia, só em 2017, foram emitidas licenças para vendas de armas à Turquia no valor de 2,8 mil milhões de Euros. As armas em questão eram usadas “contra civis, contra o povo curdo”. Na mesma altura, alguns eurodeputados, entre os quais a do Bloco, pediram à Alta Representante para a Política Externa e de Segurança da União Europeia o fim da venda de armas da União Europeia à Turquia, embora tal tenha sido recusado pelos governos. Os eurodeputados de várias bancadas apelavam ainda a que fossem aplicadas sanções e retiradas de vistos aos responsáveis por estes abusos aos direitos humanos.

Em França, devido ao aumento de 30% de vendas por parte da Dassault Aviation, as vendas chegaram aos 20,9 mil milhões de euros.

Das 100 empresas estudadas, 80 são dos EUA, da Europa ou da Rússia. Nas 20 restantes, estão 6 japonesas, 3 israelitas, 3 indianas e 3 sul-coreanas.

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