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Vêm aí outubro e o DocLisboa'17

Manuel Mozos, Adirley Queirós, Sharon Lockhart, Věra Chytilová e o singular cinema do Quebec são cinco momentos chave do programa do 15.º Festival Internacional de Cinema DocLisboa, que decorrerá de 19 a 29 de outubro.
Strop, de Věra Chytilová (1961), passará na secção 'Retrospetiva', dia 21 de outubro, às 14h, no Peq. Auditório da Culturgest.
Strop, de Věra Chytilová (1961), passará na secção 'Retrospetiva', dia 21 de outubro, às 14h, no Peq. Auditório da Culturgest.

O 15.º Festival Internacional de Cinema DocLisboa conta este ano com um novo prémio e um total de 231 filmes, oriundos de 44 países, 17 em competição internacional e 11 na competição portuguesa.

A programação do DocLisboa’17, que decorrerá de 19 a 29 de outubro, foi apresentada pelos diretores Cíntia Gil e Davide Oberto, que destacaram uma programação com "20 mil minutos de cinema", que refletem “a diversidade de olhares e de idades dos realizadores, de formas e de propostas políticas e temáticas”.

A edição deste ano conta com 44 filmes portugueses, 11 em competição e todos em estreia mundial, com a exceção de António e Catarina, o filme de Cristina Hanes que venceu o prémio de curtas-metragens no Festival de Locarno e que terá agora a sua estreia portuguesa.

“O nosso desafio é criar sempre pontes do público para os filmes, mostrar às pessoas que este é um lugar onde as coisas podem estar em diálogo umas com as outras. Mostrar que o cinema nos permite fazer caminhos que nos levam a zonas de desconforto onde podemos ensaiar-nos enquanto sociedade”, explicou Cíntia Gil ao Público. Ou, como disse Davide Oberto, “este é um festival para não ficarmos sozinhos em casa, para virmos falar das coisas em público”.

Uma das novidades deste ano é a criação de um novo prémio, com a Fundação Inatel, intitulado “Prática, Tradição e Património”, para o melhor de um conjunto de dez filmes de temática associada a práticas e tradições culturais e ao património imaterial da humanidade, transversal a todas as secções, excluindo 'Retrospetivas' e 'Cinema de Urgência'.

Cinco momentos chave de uma programação a explorar

Ramiro, de Manuel Mozos

A sessão de abertura da 15ª edição do Doclisboa realiza-se a 19 de outubro, com a estreia mundial de Ramiro, o mais recente trabalho de Manuel Mozos, que assim regressa ao festival após A Glória de fazer Cinema em Portugal, em 2015, ou João Bénard da Costa – outros amarão as coisas que eu amei, em 2014.

“Com Lisboa como pano de fundo, Ramiro é uma divertida e tocante comédia que conta a história de um alfarrabista, Ramiro, que é também um poeta em perpétuo bloqueio criativo. Ramiro vive, algo frustrado, algo conformado, entre a sua loja e a tasca, acompanhado pelo cão, pelos fiéis companheiros de copos e pelas vizinhas: uma adolescente grávida e a avó a recuperar de um AVC. De bom grado continuaria nesse quotidiano pacato e algo anacrónico, se eventos dignos da telenovela da noite não invadissem essa bolha. Um filme imperdível de um dos mais importantes e carismáticos realizadores portugueses”, lê-se no site do festival.

Era uma vez Brasília, de Adirley Queirós

Era uma vez Brasília, de Adirley Queirós, é o filme apresentado, em estreia nacional, na sessão de encerramento do festival, no dia 28 de outubro. O filme obteve a menção especial 'Signs of Life' no Festival de Locarno e marca o regresso do realizador ao Doclisboa (em 2014, esteve presente com Branco Sai Preto Fica).

“Em tom documental, Era uma vez Brasília é um filme que retrata a realidade contemporânea brasileira, numa analogia político-científica do panorama político atual e da crise motivada pela destituição de Dilma Rousseff. Em 1959, o agente intergaláctico WA4 é preso e é lançado no espaço. Recebe uma missão: vir à Terra matar o presidente da República no dia de inauguração de Brasília. A nave perde-se no tempo e aterra em 2016, na Ceilândia. Só Andreia poderá ajudar a montar o exército para matar os monstros que hoje habitam o Congresso Nacional.”

Sharon Lockhar

A artista plástica norte-americana Sharon Lockhart é a artista convidada para a secção 'Passagens', a ter lugar no Museu Colecção Berardo e com curadoria de Pedro Lapa. Esta secção surge da convergência de dois movimentos: a passagem do filme para os museus e a inclusão do documentário na arte contemporânea. Na secção 'Riscos' será apresentado Rudzienko, o último filme da artista.

Věra Chytilová em retrospetiva

A retrospetiva de autor do Doclisboa’17 é dedicada a Věra Chytilová, uma das artistas fundamentais do cinema checo. “Será uma das maiores e mais extensas de sempre a nível mundial dedicadas ao trabalho da realizadora”, segundo os programadores. A retrospetiva conta com a curadoria de Boris Nelepo, o responsável pela anterior apresentação da obra completa de Zelimir Zilnik e que assim volta a colaborar com o Doclisboa.

Uma Outra América – o singular cinema do Quebec

“Uma Outra América – o singular cinema do Quebec” é a retrospetiva temática da presente edição, em parceria com a Cinemateca Portuguesa. “Tomando como ponto de partida a fértil cena experimental do Quebec nos anos 60 e 70, a retrospetiva traça o papel fundamental do Quebec no desenvolvimento do Cinema direto e documentário de autor e o seu legado no cinema contemporâneo”, lê-se nos destaques da programação. Serão apresentados filmes de 1958 a 2017, de autores como Gilles Groulx, Claude Jutra, Michel Brault, Pierre Perrault, Anne-Claire Poirier, Robert Morin, Jeanne Crépeau, Sylvain L’Espérance, Alanis Obomsawin, entre muitos outros.

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