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“Vamos trabalhar por uma mudança em Oeiras”

Em entrevista ao esquerda.net, Carla Castelo, que encabeça a coligação “Evoluir Oeiras”, afirma um “compromisso com o ambiente, a justiça social, a cidadania e a transparência” e denuncia que “com Isaltino Morais, cada dia que passa é um dia perdido no combate à crise climática”.
Carla Castelo – Foto de Hervé Hette
Carla Castelo – Foto de Hervé Hette

Carla Castelo é candidata independente à Câmara Municipal de Oeiras, pela coligação “Evoluir Oeiras”, formada por Bloco de Esquerda, Livre e Volt. Carla Castelo foi jornalista e é consultora de Comunicação e Ambiente e Doutoranda de Alterações Climáticas e Políticas de Desenvolvimento Sustentável.

A coligação “Evoluir Oeiras” apresentará candidatura ao município esta segunda-feira, às 18h no Jardim de Miraflores.

Nesta entrevista ao esquerda.net, Carla Castelo afirma também que se candidata “por dever de cidadania, por imperativo ético, tendo em conta o estado a que chegámos em Oeiras” e anuncia que a sua primeira medida será publicar o Estudo sobre adaptação às alterações climáticas, elaborado pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, “pago com o dinheiro dos oeirenses”, e que Isaltino Morais se recusa obstinadamente a divulgar publicamente.

“Para nós é importante trazer o nome e a dignidade de Oeiras de volta, ou seja, revogar a imposição unilateral da sobreposição de uma marca ao nome do concelho”, “um V de Valley”, uma marca que simboliza tudo o que contestamos nas políticas e na estratégia do atual autarca”, salienta ainda Carla Castelo.

Porque se candidata à Câmara Municipal de Oeiras?

Candidato-me porque se acentua, em Oeiras, uma gestão autoritária, incapaz de auscultar as pessoas, que procura desvalorizar ou silenciar qualquer voz de oposição

 

Candidato-me por dever de cidadania, por imperativo ético, tendo em conta o estado a que chegámos em Oeiras. Um concelho que tem todas as condições, materiais e humanas, para ser um exemplo de boas práticas ambientais, sociais, de cidadania e transparência, mas cujo executivo tem um modelo de desenvolvimento que se traduz em mais betão, alcatrão e trânsito automóvel, age como se a crise climática não existisse, não propicia respostas de habitação para a classe média, não envolve nem ouve os cidadãos, e não fornece informação acessível e transparente aos munícipes, procedendo de forma opaca em várias matérias.

Candidato-me porque se acentua, em Oeiras, uma gestão autoritária, incapaz de auscultar as pessoas, que procura desvalorizar ou silenciar qualquer voz de oposição, que gasta rios de dinheiro em propaganda, e onde o poder político responde, sobretudo, a interesses económicos, e não à redução das desigualdades, à promoção do bem-estar das populações e ao equilíbrio ambiental e territorial.

Mas não me candidato sozinha. Candidato-me muito bem acompanhada, por cidadãs e cidadãos independentes do movimento cívico Evoluir Oeiras, e por três partidos - Bloco de Esquerda, LIVRE e VOLT - que souberam ler a urgência do momento, e aceitaram o desafio de formar uma coligação de verdadeira alternativa verde e socialmente inclusiva. Juntos, somos a proposta alternativa à gestão e às políticas do atual autarca, que se quer eternizar no poder, e que tem sido incapaz de se adaptar a um conjunto de alterações de contexto económico, social e ambiental, que justifica uma mudança transformacional. 35 anos de gestão da mesma pessoa, ou próximas, é excessivo em qualquer lugar numa democracia. Em Oeiras é urgente evoluir.

Esta coligação é uma novidade nestas autárquicas. Para uma pessoa que vote no município, que esperança poderá depositar na “Evoluir Oeiras”?

Vamos trabalhar por uma mudança em Oeiras: à frente do município, ou fazendo uma oposição responsável e atuante, apresentar propostas e escrutinar atentamente as decisões do executivo, e prestar contas do nosso trabalho à população

Poderá esperar um compromisso com o ambiente, a justiça social, a cidadania e a transparência, e propostas para um futuro melhor, equilibrado, plural e democrático.

Propostas que permitam reduzir as assimetrias e as desigualdades sociais que existem no concelho, com políticas ativas para proporcionar o acesso de todos a uma habitação acessível, confortável e adequada às necessidades dos residentes.

Propostas para um espaço público mais acolhedor e seguro para as pessoas de todas as idades, porque queremos um concelho onde seja bom viver na infância, e na juventude, mas também depois da reforma, de forma ativa e integrada.

Propostas alinhadas com a urgência de reduzir as emissões de dióxido de carbono, de aposta no transporte público e na mobilidade ativa. Propostas alinhadas com a urgente adaptação às alterações climáticas que já estão em curso.

Propostas que garantam uma gestão do arvoredo fundamentada em regras técnicas.

O nosso programa – o programa que queremos pôr em prática – está a ser elaborado por vários grupos de trabalho e será apresentado e debatido nas várias localidades do concelho, porque queremos trabalhar com e para as pessoas.

Não nos desviaremos dos nossos objetivos e ninguém nos colocará no bolso. É essa a esperança que podem depositar em nós, independentemente do resultado eleitoral.

Vamos trabalhar por uma mudança em Oeiras: à frente do município, ou fazendo uma oposição responsável e atuante, apresentar propostas e escrutinar atentamente as decisões do executivo, e prestar contas do nosso trabalho à população.

Qual a primeira proposta que apresentará na Câmara Municipal, após as eleições?

o que leva um autarca a exigir um acordo de confidencialidade num estudo que deveria ser o mais divulgado e debatido possível com toda a população do concelho?

Se, até às Eleições, não conseguirmos vencer a recusa obstinada de Isaltino Morais em divulgar publicamente o Estudo sobre adaptação às alterações climáticas, encomendado à Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, e pago com o dinheiro dos oeirenses, a primeira proposta será a publicação imediata desse Estudo, que se encontra sequestrado na gaveta do autarca há cerca de 700 dias.

Proporemos, de seguida, o lançamento de ampla discussão pública com os cidadãos de Oeiras sobre as inadiáveis medidas de adaptação climática, a tomar pelo Município e pela comunidade oeirense, que decorram desse Estudo. Os professores da FCUL, seus autores, devem ser convidados a participar neste urgentíssimo debate, desfazendo, assim, a mordaça de 5 anos de silêncio obrigatório, que Isaltino Morais lhes impôs. Eu pergunto, nós perguntamos: o que leva um autarca a exigir um acordo de confidencialidade num estudo que deveria ser o mais divulgado e debatido possível com toda a população do concelho?

Outras questões que considere importante destacar.

Realço que esta coligação resulta de uma vontade de convergência política e de uma abertura assinalável e generosa da cidadania independente ativa em Oeiras e de partidos políticos que compreendem os desafios que enfrentamos coletivamente

Para nós é importante trazer o nome e a dignidade de Oeiras de volta, ou seja, revogar a imposição unilateral da sobreposição de uma marca ao nome do concelho. Agora temos um V de Valley omnipresente no território e equipamentos municipais, uma marca que simboliza tudo o que contestamos nas políticas e na estratégia do atual autarca.

Realço que esta coligação resulta de uma vontade de convergência política e de uma abertura assinalável e generosa da cidadania independente ativa em Oeiras e de partidos políticos que compreendem os desafios que enfrentamos coletivamente.

Com Isaltino Morais, teremos mais do mesmo: um ciclo interminável de obras despesistas, contra o interesse público, e que sairão caras às próximas gerações. Com Isaltino Morais, cada dia que passa é um dia perdido no combate à crise climática. Sabemos que quanto mais tarde assumirmos uma estratégia coletiva de redução das emissões de gases com efeito de estufa, e de adaptação às alterações climáticas, em Oeiras, mais caro sairá será para todos, sobretudo para as populações mais vulneráveis. Não somos indiferentes às condições de vida das pessoas no presente e no futuro.

Entrevista realizada por Carlos Santos

Termos relacionados Autárquicas 2021, Política
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