“Vamos a eleições para dar um horizonte de esperança a Portugal”

19 de novembro 2023 - 18:37

No final da reunião da Mesa Nacional do Bloco, Mariana Mortágua afirmou que o partido tem dois objetivos para as próximas eleições: derrotar a direita e “marcar o futuro”, ou seja, “ser determinante para mudar a vida de quem vive em Portugal”.

PARTILHAR
Mariana Mortágua na conferência de imprensa depois da Mesa Nacional deste sábado. Foto de Manuel de Almeida/Lusa.
Mariana Mortágua na conferência de imprensa depois da Mesa Nacional deste sábado. Foto de Manuel de Almeida/Lusa.

À saída da reunião da Mesa Nacional do Bloco de Esquerda deste domingo, Mariana Mortágua tratou de explicar as principais linhas da resolução aí aprovada. Mas, antes disso, falou sobre a investigação que levou à demissão do Primeiro-Ministro para defender que “pela gravidade e consequências que teve” a Procuradora-Geral da República deverá apresentar explicações sobre o sucedido, argumentando que “na democracia há espaço para que o Poder Judicial possa dialogar e dar explicações ao povo em respeito pela separação de poderes, mas é assim que tem de ser”.

Depois disso, enquadrou as deliberações do partido no contexto de “dois anos de governação de uma maioria absoluta que prometeu estabilidade ao país, e que entregou, precisamente, o contrário”. Uma situação caracterizada pela “atuação dos poderes públicos e políticos de facilidade com interesses privados, com grandes negócios que vão manipulando o interesse público e os grandes investimentos do Estado” e por “uma política de dificuldades para responder às grandes urgências do país, de morosidade na resposta às questões sociais que devem ter resposta urgente”. Um contraste gritante entre a “promiscuidade que sempre denunciámos entre grandes empresas como a EDP e o papel e a capacidade que têm para controlar, para influenciar a gestão do Estado” e a “vida difícil de quem desespera por uma casa e não consegue pagar a renda, de quem não consegue pagar a prestação ao banco, a vida difícil de quem vê os anos a passar e não sai do salário mínimo nacional, a vida difícil de quem vê os anos a passar e não progride na sua carreira, não vê um futuro para si neste país, a progressiva degradação dos serviços públicos que faz com que as pessoas cheguem ao hospital e encontrem a urgência fechada, que faz com que as pessoas enviem os seus filhos para a escola e voltem para trás porque não há um professor na escola que possa garantir a educação de qualidade”.

Identificada a crise “deixada” pela maioria absoluta do PS, a coordenadora bloquista garantiu que “a direita não tem qualquer solução” para ela porque “é o mesmo regime dos negócios, é o mesmo regime de privilégio, é o mesmo regime da porta giratória com uma enorme vontade de transformar o que resta dos serviços públicos em mais uma área de negócio”, querendo transformar serviços públicos como a saúde e educação “em mais uma área de negócio, mais uma área de influência de interesses privados e para garantir lucros aos grupos privados”.

O Bloco de Esquerda afirma-se como “uma alternativa” a isto, apresentando-se a eleições “com a certeza de que temos soluções para a vida das pessoas, para as coisas que preocupam as pessoas no dia a dia, para a renda que não é possível pagar, para a casa que não é possível encontrar, para o hospital fechado, para a escola sem professores, para a vida difícil porque o salário não permite chegar ao final do mês”.

Por isso, Mariana Mortágua apresentou dois objetivos do partido para as próximas eleições, sendo o primeiro “derrotar a direita” uma vez que “se o Partido Socialista deixou o país num pântano, a direita só vai cavar mais fundo esse pântano” com “mais políticas contra os serviços públicos, com mais políticas de promiscuidade entre o público e o privado, com a entrega do que resta do que é público e nosso ao privado”.

O segundo objetivo foi apresentado como sendo “marcar o futuro”. Isto quer dizer garantir direito à habitação, educação, saúde, salários que permitam “ter uma vida digna” e “ser determinante para mudar a vida de quem vive em Portugal e que não merece este regime de facilidades para uns, que não merece tanto privilégio para alguns negócios e para benefício de algumas empresas por contrapartida a uma vida tão dura para quem trabalha e para quem não vê um horizonte de esperança”. “Queremos dar esse horizonte de esperança a Portugal”, acrescentou.

Candidatos à liderança do PS assumem herança da maioria absoluta "sem reflexão crítica"

Questionada sobre a situação interna do Partido Socialista e a sua disputa pela liderança, a dirigente bloquista considerou que “em vez de uma reflexão crítica, ou em vez de admissão da crise política e da crise social em que a maioria absoluta nos deixou, o que vejo é esses candidatos a assumirem toda a herança da maioria absoluta como se tratasse de uma simples sucessão, como se o país não tivesse mergulhado numa crise social à qual é preciso dar resposta”.

Até agora, insiste, “nenhum dos candidatos à liderança do PS olha para esta maioria absoluta dizendo o que é que correu mal. E correu muita coisa mal”. Ambos consideram que “é preciso continuar” o caminho seguido, o que para Mariana Mortágua é “garantia de mais crise, de mais instabilidade. E no limite é também nessa instabilidade que a extrema-direita cresce”. É assim necessária “uma rutura com aquilo que tem sido feito até agora” que dê “estabilidade à vida das pessoas” dado que só assim se combate a direita, protegendo “a educação, os serviços públicos, a saúde e o salário”.