De acordo com os resultados conhecidos, Luis Lacalle Pou terá obtido 48,7% dos sufrágios, contra 47,5% do candidato da formação de centro-esquerda Frente Ampla (FA), Daniel Martínez. Registaram-se, ainda, 2,2% de votos nulos e 1,6% de votos em branco.
Porém, há 1,4% de votos que foram alvo de reclamação e cuja validade vai ser apreciada pelo Tribunal Eleitoral. Como o seu número é superior à diferença entre os dois candidatos, a proclamação do vencedor está suspensa. Mas só um verdadeiro "milagre" salvaria Martinez e a FA da derrota.
Mesmo assim, o resultado acaba por constituir uma relativa surpresa, já que, na 1ª volta, o candidato do centro-esquerda se ficara pelos 39,2%, enquanto os principais candidatos da direita somavam 51,8%. Com efeito, aos 28,6% de Lacalle Pou, do PN, podiam, à partida, acrescentar-se os 12,3% de Ernesto Talvi, do centrista Partido Colorado (PC) e os 10,9% de Martini Rios, do populista reacionário Cabildo Aberto (CA), tendo os dois últimos apoiado expressamente o primeiro no 2º turno.
Por isso, apesar da desvantagem com que partiu para a ronda decisiva, Martinez recuperou bastante bem e quase conseguiu a "remontada". Mas, com o desgaste de 15 anos de poder, a sua tarefa (e também da FA) era bastante difícil.
Sendo o voto obrigatório, não é de estranhar que a participação eleitoral tenha atingido os 90,1%, percentagem idêntica à da 1ª volta.
O Uruguai é o país menos povoado da América do Sul (cerca de 3 milhões de habitantes, quase metade concentrados na área metropolitana de Montevideo) e também o mais rico e menos desigual para os padrões do continente.
Lacalle Pou tem, igualmente, maioria das duas câmaras do Parlamento (55 dos 99 deputados e 17 dos 30 senadores), mas, em ambas, terá de contar com o voto favorável dos “colorados” e, no mínimo, com a abstenção do CA.
Veremos, agora, o "estrago" que farão as políticas neoliberais do novo presidente. Até porque o Chile não fica longe…