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Uma Europa para os jovens

A abstenção na votação para as eleições Europeias ultrapassa largamente a da maior parte das eleições. Será por desacreditarem nesta Europa e nesta suposta “União”? Texto de Carolina Vieira e Joana Correia Pires
A abstenção na votação para as eleições Europeias ultrapassa largamente a da maior parte das eleições
A abstenção na votação para as eleições Europeias ultrapassa largamente a da maior parte das eleições

Será que acham pouco relevante e importante o que se passa no Parlamento Europeu?

A questão passa, primeiro pelo sentimento de pouca importância destas eleições no panorama político, por acreditarem serem pouco decisivas para o mesmo. E segundo, porque as propostas políticas concretas destas eleições não se apropriam das necessidades e anseios periclitantes de toda a população.

Um dos exemplos é o caso dos jovens, estes querem deixar de estar alienados das políticas, e querem ter uma participação ativa na mesma. Contudo, para isso, é necessário reverem as suas medidas em programas políticos, onde todas as suas questões centram também o debate político. Precariedade, reforço dos serviços públicos, acabar com a propina, diminuição do desemprego jovem, estatuto do trabalhador-estudante, ambiente, habitação e transportes.

Tal como no Brexit, onde grande parte dos jovens era contra a saída do Reino Unido, os níveis de abstenção dos mesmos foram elevadíssimos. Isto colmata com outro exemplo, a campanha de Bernie Sanders, onde grande parte da sua base política se apoia nos jovens. É este o denominador comum, entre os dois exemplos, que espelha a implicância ou não dos jovens dada a apresentação e inclusão dos mesmos na vida política. É também neste último exemplo que conseguimos perceber que os jovens estão cada vez mais empenhados a lutar pelos seus direitos através da participação ativa e direta nas eleições.

Este défice democrático da União Europeia explica-se pelo facto de que a própria União não pode aspirar a um estatuto político e funcional equivalente ao dos seus Estados-membros pela simples razão de que a União não é um Estado. Podemos compreender que o objetivo de colmatar este tal défice democrático reclama um funcionamento efetivo de um sistema decisório que garanta a participação dos parlamentos nacionais, sendo necessário e lógico, que para isso se atribua mais poder de iniciativa política ao Parlamento Europeu.

Só através dessa atribuição e desse reconhecimento, os jovens poderão sentir o importantíssimo papel que a União Europeia tem efetivamente nos Estados-Membros e se possam reconhecer nas suas decisões, sentindo-as como suas e como relevantes.

É neste prisma que o voto no Bloco de Esquerda faz sentido, sendo o único partido que reforça a fundo as mudanças que traz. Reforçar os serviços públicos, direcionar para políticas de desenvolvimento, proteger os direitos laborais, combater as alterações climáticas e melhorar a escola pública, são algumas das suas propostas e só assim se valoriza as pessoas. Enquanto jovens é nestas temáticas que nos revemos, e porque somos nós a próxima geração que vai herdar com todas estas decisões, precisamos de ser ouvidos. Com isto, as decisões da Europa e dos sucessivos governos não se podem alhear à realidade tão própria de cada Estado e o Tratado não se pode tornar prioritário, correndo o risco dos cidadãos se transformarem em meros números.

Artigo de Carolina Vieira e Joana Correia Pires

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