Com as receitas publicitárias a terem caído “cerca de 50%” e com uma “pesada carga de dívida”, o como reconheceu este sábado Elon Musk, para além de confrontado com fugas de utilizadores e novos concorrentes, o Twitter procura novas fontes de receita e atrair mais pessoas.
Foi neste contexto que anunciou na passada quinta-feira que iria partilhar receitas da publicidade com alguns criadores de conteúdo da rede social. Mas, ainda antes de ser lançado, o programa ficou desde logo marcado pela notícia de que foi dada prioridade a “influenciadores” de extrema-direita como Ian Miles Cheong, Benny Johnson e Ashley St. Claire, alguns dos quais não perderam tempo a gabar-se do dinheiro ganho.
A informação foi noticiada pelo Washington Post, e publicada em Portugal no Público, que compilou várias publicações em que alguns elementos de extrema-direita se regozijavam pelas receitas obtidas. Um deles, Andrew Tate, acusado de violação, tráfico humano e exploração sexual, alegou ter recebido mais de 20 mil dólares do Twitter. Outro, Rogan O'Handley, que utiliza o nome DC Draino, recorda que tinha sido banido durante quase dois anos pelo Twitter e que agora numa “excelente reviravolta” passou a ser pago para publicar, agradecendo pessoalmente a Elon Musk.
E esta vantagem não apenas foi atribuída a figuras conhecidas mas também a contas anónimas como a End Wokeness, com perto de 1,4 milhões de seguidores, que publicou uma imagem que indicava ter ganho mais de 10 mil dólares.
O programa de monetização anunciado vai estar limitado aos países em que a plataforma de pagamentos Stripe funcione, só poderão aderir utilizadores que paguem para estar na plataforma, o serviço chamado Twitter Blue, e terão de passar por uma “avaliação humana” sobre a qual nada se sabe ainda.
O jornal norte-americano falou com ex-executivo da empresa que critica o novo programa. Para ele, este “parece ter surgido do nada para um subconjunto específico de criadores que ele [Musk] quer beneficiar” e revela desconfiança nos números apresentados pela plataforma que “são total e completamente falsos. É tudo completamente inventado. Parece que estão a preencher cheques arbitrariamente para as pessoas de quem gostam, o que não é uma estratégia sustentável.”