A noite eleitoral turca foi longa e a meio da manhã ainda não eram conhecidos os resultados finais. Com 99% das urnas contadas, o atual presidente Recep Tayyip Erdogan liderava com 49,4% dos votos, com o candidato a oposição Kemal Kilicdaroglu a obter 44,96%. Numa provável segunda volta, parece decisiva a indicação de voto do ultranacionalista Sinan Ogan, que alcançou 5,2% dos votos, conhecido pelo seu discurso xenófobo contra os refugiados sírios e a favor da repressão à população curda, que maioritariamente votou em Kilicdaroglu nesta primeira volta das presidenciais.
A incerteza no resultado não impediu os candidatos de discursarem na noite eleitoral, por entre acusações de manipulação na divulgação das contagens. Erdogan afirmou-se confiante de que a vitória não lhe escaparia, fosse à primeira ou à segunda volta, por entre acusações à oposição de querer enganar o povo espalhando notícias de resultados que colocavam Kilicdaroglu à frente. Por seu lado, o líder do CHP garantiu que a sua vitória seria certa na segunda volta, acusando o partido de Erdogan de atrasar com sucessivas recontagens a validação das urnas que lhe davam a vitória, prolongando assim uma vantagem artificial na contagem oficial dos votos, que foi diminuindo ao longo da noite.
O principal dado a reter da primeira volta foi a elevada participação do eleitorado, de cerca de 93,6%, mas que tudo indica não ter correspondido ao desejo da oposição para mostrar a força do voto de protesto contra Erdogan, após um período de crise financeira do país e de grande insatisfação com a resposta ao terramoto que vitimou dezenas de milhares de pessoas e fez três milhões de desalojados em fevereiro.
Nas eleições para escolher os 600 deputados do parlamento turco, a aliança liderada pelo partido de Erdogan, o AKP, em conjunto com os nacionalistas do MHP e outros dois partidos, deverá alcançar a maioria absoluta. Segundo a imprensa turca, com 80% dos votos contados esta aliança alcançava 50,6% dos votos, com a coligação liderada pelo CHP a recolher 34,4% e a aliança que inclui o partido pró-curdo a obter 9,4% dos votos a nível nacional.
No seu discurso na noite eleitoral, Erdogan afirmou que a eleição tinha sido uma “festa da democracia” e agradeceu aos observadores internacionais. No entanto, há notícias de que alguns dos observadores internacionais acabaram detidos durante o ato eleitoral, como foi o caso do deputado basco Jon Iñarritu, da dirigente catalã da CUP Isabel Chacón e do sindicalista Tino Brugos, na cidade de Siirt no sudeste do país.