Se conseguir ganhar as eleições europeias, haverá eleições antecipadas na Grécia?
Nas eleições europeias certamente que seremos o primeiro partido. Este resultado virá confirmar a distância que existe entre as escolhas do governo e a vontade do nosso povo. Isso significa que continuar com a austeridade, com qualquer aliança do governo, seria ignorar a vontade do povo, violando claramente o princípio da soberania popular.
Considera que não há espaço, hoje, para o "eurocepticismo construtivo" que defendia? Não há o risco de que tudo seja monopolizado pelo confronto entre a austeridade de Merkel e forças como o movimento de Grillo pedindo um referendo sobre o Euro?
Nós não apoiamos qualquer eurocepticismo, apoiamos apenas a perspectiva de uma outra Europa. A nossa Europa é muito mais próxima do projeto político, e da visão dos seus fundadores, doque na Europa neoliberal de hoje, da Sra. Merkel. É óbvio que Merkel está contente por ter como adversário Beppe Grillo e não a Esquerda Europeia. Isto porque as posições políticas de Grillo são muito mais fácil de confrontar. Nós demonstramos que a austeridade não deve ser identificada com o Euro e que o Euro da senhora Merkel não é uma estrada de sentido único.
Como você classificaria a iniciativa que levou, na Itália, à criação da lista de "Uma outra Europa com Tsipras"? E é verdade que estará em Roma para o encerramento da campanha eleitoral?
A capacidade dos cidadãos para se organizarem autonomamente dá significado à democracia. Mais cedo ou mais tarde, uma mobilização da sociedade a favor da mudança política e social, por uma Europa e uma Itália progressista, irá proporcionar uma mudança. Foi plantada a semente e esta certamente brotará. As eleições europeias são apenas um primeiro passo. É certo que nos encontraremos novamente na Itália na última semana antes da eleição. Eu tenho que admitir que a minha turnê políticas nas capitais europeias não poderia terminado de melhor forma!
Muitos o veem como o novo ponto de referência da esquerda europeia . Se for eleito para o governo, qual será a primeira iniciativa a tomar?
O nosso primeiro ato será rejeitar todas as obrigações obscuras do memorando e não continuaremos as políticas de austeridade impostas pelo novo memorando assinado pela coligação governativa atual. Eles vão aplicar novos cortes nos salários, pensões e vão despedir 11.000 funcionários públicos até fevereiro de 2015. A conquista do governo por parte do povo da Syriza na Grécia, será uma vitória para todos os povos da Europa. Uma vitória de todos os cidadãos que rejeitam a austeridade como presente e como o futuro da Europa e estão preocupados com o recuo da democracia, independentemente de onde vivem. Em maio de 2010, a Grécia, que tem sido usada como cobaia da crise, provocou uma reação em cadeia, negativa, em toda a Europa. Com a vitória da Syriza, haverá uma reação em cadeia positiva.
Entrevista originalmente publicada no Huffington Post.