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Trump vai mesmo ser obrigado a revelar os seus impostos

O Departamento de Justiça ordenou que o Fisco entregue ao Congresso as declarações de impostos do ex-presidente. No mesmo dia, revelou provas de que Trump tinha pressionado dirigentes deste organismo para declararem que as eleições presidenciais que perdeu tinham sido fraudulentas.
Placa no edifício do Departamento de Justiça dos EUA. Foto de Peter E/Flickr.
Placa no edifício do Departamento de Justiça dos EUA. Foto de Peter E/Flickr.

Na passada sexta-feira, o Departamento de Justiça dos EUA tomou duas decisões desfavoráveis ao ex-presidente. Uma delas foi a ordem dada ao IRS, o Internal Revenue Service, a autoridade tributária do país, para que entregue as declarações de impostos de Donald Trump ao Congresso. A outra foi a divulgação de um memorando que mostra como pressionou dirigentes do Departamento de Justiça para que alegassem que a passada eleição presidencial tinha sido “corrompida”.

Durante todo o seu mandato, Trump evitou divulgar as suas declarações de impostos, tornando-se o primeiro presidente em 40 anos a omitir os seus rendimentos. O braço de ferro foi assumido pelos democratas que pediram, através do Ways and Means Committee da Câmara dos Representantes, o organismo político responsável pelas áreas dos impostos e Segurança Social, acesso aos documentos de forma a poder investigar em que medida o ex-presidente beneficiou das leis sobre impostos que implementou. Este motivo foi a causa do Departamento de Justiça ter decidido que há “razões suficientes” para divulgar a informação, revertendo uma decisão anterior tomada em 2019, quando Trump ainda estava em funções. Na altura, justificava-se que se tratava de uma tentativa “dissimulada” de expor os rendimentos do presidente aos cidadãos em geral. O caso gerou então uma batalha legal que chega agora ao fim com esta decisão.

O mesmo Departamento de Justiça deu acesso ao Congresso às notas escritas à mão escritas em dezembro por Richard Donoghue, então Procurador Geral Adjunto. Num passo inédito, estas foram entregues ao Oversight and Reform Committee, o principal comité de investigação da Câmara dos Representantes, que as divulgou publicamente.

Já se sabia que o ex-presidente tinha pressionado por e-mail o Departamento de Justiça a investigar as falsas acusações de fraude. Passou-se agora a saber que, em telefonema a 27 de dezembro, Trump também pressionou diretamente Jeffrey Rosen, dias antes de tomar posse como Procurador Geral para “dizer que a eleição era corrupta” e “deixar o resto a mim e aos congressistas republicanos”. De acordo com as notas, Rosen terá dito que o departamento não podia nem iria “mudar o resultado das eleições” e que a informação que o presidente recebera sobre fraude era falsa e tinha sido investigada devidamente.

Esta tentativa do multimilionário para inverter o resultado das eleições aconteceu semanas depois do anterior Procurador Geral, Willliam Barr, que Trump indicara para o cargo, ter declarado que o Departamento de Justiça não encontrara provas de fraude. Barr acabou por se demitir.

No telefonema Trump ameaçou substituir também Rosen, acusando o Departamento de Justiça de “inação” e incapacidade de resposta.

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