A bordo do avião presidencial, o presidente norte-americano Donald Trump anunciou este domingo mais tarifas às importações. Segundo ele, fará uma intervenção esta segunda-feira sobre a tributação em mais 25% da importação de aço e alumínio. E na terça ou na quarta-feira intervirá no sentido da criação de tarifas recíprocas que entrarão em vigor imediatamente. Ou seja, fará com que as taxas de importação para os EUA atinjam para cada país o mesmo nível das taxas aplicadas por estes.
Para Trump tudo isto é “muito simples: se nos cobram nós cobramos-lhes a eles”.
Espera-se que as taxas aduaneiras sobre o aço atinjam sobretudo o Canadá, o Brasil, México, Coreia do Sul e Vietname, de acordo com os dados do American Iron and Steel Institute, citados pela Reuters. O presidente dos EUA afirmou igualmente que iria “proteger” a empresa US Steel, impedindo que a japonesa Nippon Steel obtenha uma quota maioritária na empresa, e garantindo que as novas taxas “a vão fazer muito bem sucedida outra vez”.
No caso do alumínio, o Canadá é de longe o maior exportador para os EUA com perto de 79% no ano passado.
Também a União Europeia é exportadora de aço para os Estados Unidos, sendo este inclusive o seu maior mercado. Neste campo, destaca-se a Alemanha e a empresa Thyssenkrupp que já adiantou acreditar num “impacto muito limitado” das tarifas, salientando o seu papel enquanto produtora de materiais de “alta qualidade” que têm uma “boa posição de mercado” nos EUA e alegando que “grande parte da produção para os clientes dos EUA acontece no interior dos EUA”.
Olof Gill, porta-voz da Comissão Europeia sobre assuntos comerciais, criticou “não haver justificação para a imposição de tarifas” sobre as suas exportações e acrescentou que “vamos reagir para o proteger os interesses dos negócios, dos trabalhadores e dos consumidores europeus de medidas injustificadas”.
A Comissão Europeia afirmou que ainda não recebeu qualquer notificação oficial sobre a medida e sublinhou a “ilegalidade” das tarifas, deixando aberta a possibilidade de recorrer à justiça, para além de as considerar “economicamente contra-produtivas, especialmente dadas as cadeias de produção profundamente integradas” entre os dois espaços económicos.
O anúncio de Trump pode ser, mais uma vez, para não levar a sério. Os especialistas recordam que a mesma pompa foi utilizada no seu primeiro mandato para avançar com tarifas de 25% no aço e de 10% no alumínio para depois isentar alguns dos principais exportadores como o Canadá, México e Brasil. A seguir, Biden juntou à lista de exceções a Grã-Bretanha, a União Europeia e o Japão.
Visada com este plano será também a China. Esta não é um exportador significativo para os EUA mas domina o mercado global de aço e alumínio, produzindo por si só mais destes dois metais que o resto do mundo combinado.
Com a redução do consumo interno na China, as exportações de aço e alumínio estão em crescendo e chegam a preços baratos a países como o Canadá e o México. Estes, por sua vez, exportam mais destes metais mais caros para os EUA.
Esta segunda-feira, entraram em vigor as tarifas que a China decidiu aplicar em resposta a Trump ter aplicado tarifas de 10% sobre todas as importações vindas deste país. Aplicam-se ao carvão e gás natural liquefeito, no valor de 15%, e ao crude, máquinas agrícolas e veículos automobilizados de grande potência, no valor de 10%. Uma resposta que fica longe de igualar o valor taxado pelos norte-americanos. Para além disso, impôs ainda controlo de exportações sobre 25 metais raros que são utilizados para a produção de equipamento elétrico e produtos elétricos.
Também não se sabe se as taxas recíprocas serão aplicadas mesmo a todos os países. Trump tem visado nas suas declarações o desfasamento entre as taxas de importação europeias de automóveis que estão nos 10% e as taxas de importação dos EUA que seriam apenas 2,5%, deixando de lado que as taxas sobre as pick-up atingem os 25%, protegendo assim General Motors, Ford e Stellantis.
Depois de ter dado o dito por não dito no caso das tarifas de 25% que anunciou sobre todas as importações do Canadá e México, tendo estas ficado em suspenso até 1 de março em troca de medidas de repressão de migrantes nas fronteiras, numa entrevista à Fox News também este domingo, Trump voltou à carga considerando que estes países não estão a fazer o suficiente neste domínio. Assim ameaçou novamente aplicá-las mas não deixou claro o que teriam de fazer para evitar esse cenário.