Em comunicado, o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira alerta para as más condições de trabalho que se vivem nas minas de Neves-Corvo, no concelho de Castro Verde, e avisam que, se a administração não apresentar qualquer resposta satisfatória aos problemas levantados pelos trabalhadores, poderão avançar para greve.
Em plenário realizado a 5 e 6 de setembro, “os trabalhadores analisaram e discutiram as respostas da Administração da multinacional canadiana-Somincor, Sociedade Mineiro de Neves Corvo S.A. (Grupo Lundin Mining), nomeadamente, os horários de trabalho dos trabalhadores adstritos à mina, a antecipação da idade da refoorma para os trabalhadores adstritos às lavarias, a progressão nas carreiras, a política de prémios e a pressão e repressão sobre os trabalhadores”, pode ler-se no comunicado.
A proposta da administração “contempla um horário diário de 10h e 42m no fundo da mina, onde os trabalhadores estão sujeitos a uma atividade extremamente penosa”.
Das conclusões do plenário, os trabalhadores destacam que os horários em vigor de laboração contínua implicam “5 dias de trabalho e apenas 1 de descanso” e, a cada 17 dias de trabalho “seguem-se apenas 3 dias de descanso”, algo que consideram ser “uma total desumanidade na organização do tempode trabalho, dificultando ou mesmo impossibilitando a conciliação da atividade profissional com a vida pessoal e familiar dos trabalhadores”.
Por seu lado, os “trabalhadores das lavarias trabalham em regime de laboração contínua há mais de 30 anos e estão sujeitos também a uma atividade de elevada penosidade” com direitos “inferiores aos trabalhadores do fundo da mina”.
Por último, os trabalhadores “recebem hoje menos do que recebiam há 10 anos atrás, se tivermos em conta a redução drástica dos montantes dos prémios e o congelamento das progressões na carreira”.
As minas de Neves-Corvo registaram em 2016 um lucro de 66,7 milhões de euros, menos 700 mil euros face ao registado em 2005. Entre as suas seis minas espalhadas pelo mundo, a Lundin Mining registou em 2016 um total de vendas de cerca de 1,4 biliões de euros, cabendo a Neves-Corvo 18% desse valor.
De acordo com relatório da Lundin Mining de fevereiro deste ano, em 2016 saíram de Neves-Corvo um total de 46.557 toneladas de concentrado de cobre (menos 17% que em 2015) e 69.527 toneladas de zinco (mais 12% que no ano anterior). A Somincor produziu ainda pouco mais de 4.000 toneladas de chumbo e 1.242 toneladas de prata.
Em 2016, a empresa registou 266 milhões de euros em vendas, abaixo dos 276,4 milhões registados em 2015, sendo que 176,6 milhões são referentes ao cobre, 81,6 milhões ao zinco e o restante ao chumbo e prata. Para 2017, a Somincor prevê produzir entre 41.000 e 46.000 toneladas de cobre e 72 mil a 77 mil toneladas de zinco.
Já os ganhos operacionais ficaram-se pelos 66,7 milhões de euros, também abaixo dos 67,4 milhões de dólares registados no ano anterior. Mas ao contrário do que aconteceu em 2015, em 2016 a Somincor não teve prejuízo em nenhum trimestre, sendo que entre Outubro e Dezembro apresentou os melhores resultados do ano: 25,8 milhões de euros de lucro.