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Trabalhadores da Groundforce em luta por salários e futuro da empresa

Durante uma concentração em frente à residência oficial do primeiro-ministro, lembraram que esta é uma empresa lucrativa e exigiram a salvaguarda dos 2.400 postos de trabalho. “Se a nacionalização já era uma necessidade antes, agora é uma urgência”, afirmou a deputada Isabel Pires.
Foto de António Cotrim, Lusa.

Os trabalhadores da Groundforce têm dado um exemplo de força e luta ao país, mobilizando-se para a realização de várias iniciativas ao longo dos últimos dias. Esta quarta-feira, centenas de pessoas concentraram-se em frente à residência oficial de António Costa e à Assembleia da República. Exigem o pagamento dos salários em atraso, a salvaguarda dos 2.400 postos de trabalho e do futuro da empresa.

Durante as ações de protesto, os trabalhadores têm reiterado que a empresa é viável, com lucros de 43 milhões de euros nos últimos sete anos até ao início da pandemia. Lembram ainda que, desde fevereiro de 2020, já se perderam cerca de mil postos de trabalho. E alertam que os 2.400 postos de trabalho remanescentes são indispensáveis para a tão propalada retoma que o próprio Governo já veio anunciar para maio.

"O que nós pedimos é a manutenção dos nossos postos de trabalho. Se passar pela nacionalização, pois com certeza que passará. Aquilo que não pode acontecer é o Estado e o Governo excluírem-se da responsabilidade social que têm neste momento para com as 2.400 famílias", afirmou Luísa Borba, da Comissão de Trabalhadores da Groundforce.

Um trabalhador presente no protesto sintetizou aos jornalistas o que está em causa: "Queremos que viabilizem a empresa, garantam os postos de trabalho e paguem os salários em atraso. Achamos que a nacionalização é a forma mais rápida e que garante um melhor futuro".

Se “a nacionalização já era uma necessidade antes, agora é uma urgência”

Isabel Pires esteve presente neste protesto, reafirmando a solidariedade do Bloco com a luta dos trabalhadores da Groundforce, “que é mais do que justa”. A par de participar nas iniciativas organizadas pelos trabalhadores, o Bloco já questionou várias vezes o Governo sobre esta matéria.

Requerimento para audição das organizações representativas dos trabalhadores, do presidente do conselho de administração...

Publicado por Isabel Pires em Quarta-feira, 10 de março de 2021

Acresce que o partido requereu a audição das Organizações Representativas dos Trabalhadores da Groundforce, do Conselho de Administração da Groundforce e do Ministro das Infraestruturas e Habitação sobre a situação da Groundforce. O pedido foi aprovado esta quarta-feira, por unanimidade, na comissão de Economia.

A deputada bloquista afirmou que “é inacreditável que o Governo permita que esta situação aconteça” e defendeu que se “a nacionalização já era uma necessidade antes, agora é uma urgência”.

Esta posição já tinha sido assumida no dia anterior por Catarina Martins. "Sem prejuízo de assacar as responsabilidades próprias do acionista privado, a Groundforce deve ser nacionalizada para se manter a capacidade em Portugal e para se proteger o emprego", afirmou a coordenadora bloquista após uma reunião com formadores do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP).

Catarina Martins, citada pela Lusa, lembrou que a Groundforce é "lucrativa e só no período da pandemia é que teve problemas de resultados operacionais". "Portanto não há aqui uma empresa com problemas, não há uma empresa com prejuízos que venham de anos, há uma empresa que tem todas as condições para trabalhar, para dar lucro, para manter o emprego que tem. Só precisa de ajuda para passar um período de confinamento", acrescentou.

 

Também na terça-feira, a Comissão de Trabalhadores (CT) da Groundforce referiu em comunicado que a nacionalização é a única hipótese de segurar a empresa e salvaguardar os postos de trabalho.

Bloco volta a questionar Governo

Num conjunto de questões endereçadas ao ministro das Infraestruturas e Habitação, Isabel Pires assinala “que a Groundforce é a maior empresa de handling do país, sendo nuclear para a atividade da TAP e para o sector da aviação como um todo”.

“Por isso, o Governo não pode continuar a adiar uma solução definitiva para a empresa, empurrando a Groundforce para uma situação insustentável, precipitando uma possível insolvência ou uma venda ao desbarato a grupos de investidores privados”, escreve a deputada.

A dirigente do Bloco quer saber como pretende o Governo garantir o pagamento da totalidade dos salários em atraso aos trabalhadores e que soluções tem pensadas para não permitir que a partir de dia 12 de março possa existir incumprimento e consequente falha no acesso ao apoio à retoma progressiva. Por outro lado, Isabel Pires questiona ainda o executivo sobre como este prevê, sem assegurar a capacidade operacional e financeira da Groundforce, que a TAP seja capaz de responder ao aumento do tráfego aéreo previsto para maio.

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