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Trabalhadores da central nuclear de Zaporizhzhia lançam apelo urgente

O apelo, divulgado pelo Comité belge du Réseau européen de solidarité Ukraine, foi emitido a 18 de agosto pelo Атомпрофспілка (Sindicato dos Trabalhadores da Energia Atómica na Ucrânia) e é endereçado à comunidade mundial.
Na missiva, os mais de dez mil trabalhadores da Zaporizhzhia NPP sublinham o seu “sentimento de profunda ansiedade pelo futuro”, na medida em que, “nos últimos cinco meses, muitas normas legais, princípios e regulamentos destinados a garantir a segurança no campo da manipulação pacífica de átomos foram violados”. Acresce que, nas últimas duas semanas, a central nuclear tornou-se, de facto, alvo de ataques militares contínuos”.
“Os ataques de artilharia estão a tornar-se cada vez mais poderosos e perigosos, e a ameaça de destruição de instalações críticas de segurança nuclear é cada vez mais real”, alertam.
Mas não é só a central em si que está à mercê dos ataques. No seu local de trabalho, os seus trabalhadores “são gravemente feridos e morrem”.
“O que está a acontecer é horrível e além do bom senso e da moralidade para quem pensa um passo à frente! Pense no futuro da nossa Terra, no futuro dos nossos e dos seus filhos! O nosso planeta é tão pequeno e é absurdo supor que será possível esconder-se em algum lugar das consequências de um desastre nuclear em grande escala”, escrevem os trabalhadores de Zaporizhzhia.
“Estamos convencidos de que a inteligência coletiva e a boa vontade podem silenciar as armas e prevenir o irreparável! Afinal, as consequências podem vir a ser de uma ordem de magnitude mais terrível do que os resultados das tragédias de Chernobyl e Fukushima”, acrescentam.
Afirmando-se “impotentes diante da irresponsabilidade e da loucura humana”, os trabalhadores apelam à intervenção urgente da comunidade mundial, porque “amanhã poderá ser muito tarde”.
Perante este apelo, o Comité belge du Réseau européen de solidarité Ukraine exige a retirada das tropas russas da central de Zaporizhzhia, e a sua total desmilitarização sob a supervisão de instituições internacionais como a AIEA (agência internacional de energia atómica). O Comité compromete-se ainda a intervir nas organizações sindicais belgas para desenvolver a solidariedade intersindical com os trabalhadores atómicos na Ucrânia, bem como com todo o movimento sindical ucraniano. Por fim, a rede, que reúne pessoas de movimentos sociais, sindicatos, indivíduos, partidos e organizações progressistas, exige do Estado ucraniano respeito pelos direitos sociais e sindicais dos trabalhadores ameaçados pela legislação anti-laboral adotada pela Rada (parlamento).
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