A associação Acreditar, de pais e amigos de crianças com cancro, reuniu esta terça-feira com a ministra Ana Paula Martins e levou para o encontro a preocupação com o aumento dos tempos de espera para cirurgias.
Margarida Cruz, diretora-geral da associação Acreditar, disse à RTP que os tempos de espera têm aumentado e isso tem impacto na qualidade da sobrevivência destas crianças. “Existem tratamentos ou intervenções que são adiadas ou que são tomadas muito tarde, isso leva a que as crianças durante um período alargado de tempo tenham de fazer mais quimioterapia do que aquela que precisariam que fazer e que isso tem implicações na qualidade da sobrevivência”, dado que “no campo pediátrico, a maior parte das sequelas tem a ver com o tratamento e não com a doença”.
Em Portugal existem cerca de 400 casos de cancro pediátrico e há crianças que podem vir a esperar um ano pela cirurgia de que necessitam. “Há pouco tempo tive conhecimento de uma situação relativamente a uma criança pequena em que se pôs a hipótese aos pais de a intervenção só ser feita daqui a um ano. Quando estamos a falar de um ano na vida de uma criança, é um impacto bastante grande”, afirmou Margarida Cruz.
Quanto às causas desta demora excessiva para a realização de cirurgias, “aquilo que me têm dito é que se deve sobretudo a falta de profissionais”, prosseguiu.
Questionada pela RTP sobre a situação, a ministra Ana Paula Martins disse estar “preocupada”. Quanto a uma eventual investigação, respondeu que “é mais do que investigar, é conhecer em detalhe a situação e encontrar uma solução”. E que solução seria essa, perguntou a jornalista. “Não sei”, respondeu a ministra, acrescentando que “temos de falar com as pessoas, com as instituições e temos de agir”.