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Televisões espanholas boicotam final da Supertaça em estádios sauditas

Depois da televisão pública espanhola ter anunciado que não ia concorrer à aquisição dos direitos televisivos do evento, outras duas concorrentes privadas seguiram o exemplo.
supertaça espanhola

A decisão da Federação Espanhola de Futebol em levar os jogos da final da Supertaça para a Arábia Saudita de 2020 a 2022, em troca de um contrato avaliado cerca de 108 milhões de euros, levantou grande polémica no país vizinho por causa do historial de violações dos direitos humanos na Arábia Saudita.

Para contornar as críticas, os responsáveis pela organização do futebol espanhol dizem ter garantias de que as mulheres poderão entrar no estádio para assistir a esses jogos e que os sauditas se comprometeram a lançar uma nova competição de futebol feminino no país.

A decisão espanhola não é inédita na Europa. Aliás, um dia depois da final da Supertaça espanhola, prevista para 12 de janeiro de 2020, realiza-se a final da Supertaça italiana também na Arábia Saudita pelo segundo ano consecutivo.

Mas os argumentos financeiros não chegaram para convencer os media espanhóis da bondade da medida. A RTVE, estação pública de televisão, foi a primeira a abdicar de ir ao leilão dos direitos de transmissão do evento.  Esta sexta-feira, outros dois grandes grupos privados de televisão, a Altresmedia e a Mediaset, anunciaram que irão seguir o exemplo da RTVE. Resta ainda saber qual será a posição da Mediapro, o outro grupo televisivo que não tem tido boas relações com a estrutura federativa do futebol espanhol.

“Há decisões que custam pouco, mas que valem muito”, afirmou Alicia Montano, diretora de Igualdade da RTVE, dizendo ter “a certeza de que  a grande maioria dos homens e mulheres de bem partilham desta decisão” de recusar a transmissão do evento realizado “num país que ataca diariamente os direitos humanos e em especial os das mulheres, com metade da sua população submetida a um regime autoritário e quase medieval” de tutelagem, em que as mulheres precisam da autorização ou companhia dos maridos ou país para executarem tarefas quotidianas.

A Amnistia Internacional denuncia que a compra destes eventos por parte do regime saudita não tem outro propósito senão o de branquear a imagem de um país que viola diariamente os direitos humanos. Também a Associação de Futebolistas Espanhóis afirmou que mandar a final da Supertaça para a Arábia Saudita não faz sentido “num país como o nosso, que tanto fala do conceito de igualdade”.

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