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Tegopi afixa nomes de mais de metade dos trabalhadores que quer despedir

Na passada sexta-feira, a administração da empresa afixou uma lista com os nomes de 98 trabalhadores que queria despedir dois dias depois. Os trabalhadores despedidos vão continuar nos seus postos de trabalho até à assembleia de credores.
Tegopi, concentração de trabalhadores em maio de 2018 - Foto da CGTP
Tegopi, concentração de trabalhadores em maio de 2018 - Foto da CGTP

A Tegopi é uma empresa situada em Gaia, que fabrica torres eólicas e vive com problemas financeiros há vários meses.

Segundo o “Jornal de Notícias”, os funcionários da empresa foram confrontados na passada sexta-feira com uma lista de 98 nomes que a administração queria despedir dois dias depois, na segunda-feira, 30 de setembro.

Segundo Adão Ferreira, da Comissão de Trabalhadores e da direção do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Norte (SITE – Norte), “ficam 84”, das 182 pessoas que trabalham na empresa.

O dirigente sindical deu conta da angústia: "Antes, éramos cerca de 220 trabalhadores. Depois, quando o barco começou a afundar, entre 40 e 50 pessoas optaram por ir embora. E agora vão mais 98". E também da indignação que se vive na empresa: "Afixar um comunicado na sexta, ao final da tarde, a informar as pessoas que na segunda [ontem] é o seu último dia de trabalho? Não é assim que se faz".

Adão Ferreira acusa também que a lista é igualmente um ataque às estruturas representativas dos trabalhadores, uma vez que despedem “três membros da comissão sindical e, dos cinco membros da comissão de trabalhadores, só fica um”.

Segundo o jornal, a Tegopi vive uma crise financeira há cerca de um ano, tendo já sido decretada a insolvência no quadro de um PER (processo especial de revitalização).

O dirigente sindical disse ao jornal que “desde julho apenas está a laborar a secção da assistência” e referiu que a empresa tinha informado que só tentariam “pagar o salário de setembro em outubro”.

Continuar na fábrica até à assembleia de credores

Num plenário realizado nesta terça-feira, 1 de outubro, foi decidido que os trabalhadores despedidos continuem a comparecer na fábrica até à realização da assembleia de credores, que tem lugar na próxima quinta-feira, 3 de outubro.

O dirigente sindical Adão Ferreira contou à agência Lusa: “Estamos apreensivos e a aguardar a assembleia de credores que é daqui a dois dias e aí sim, é que há legitimidade para decidir o futuro da Tegopi. Vamos manter-nos nos nossos locais de trabalho a olhar para as paredes. Temos estado sentados a olhar uns para os outros”.

O sindicalista criticou a empresa e alertou que “são também as vidas”, que estão em causa. “A empresa fez isto de forma caótica e ilegal. A forma como fizeram este despedimento não faz qualquer sentido. Não são só os salários que estão em causa, são também as vidas. Muitos [trabalhadores] dedicaram a sua vida a esta empresa”, disse.

O representante dos trabalhadores acusou a administração de ter “gerido com má fé e má gestão”, referiu que “a algumas pessoas não é atribuído trabalho novo desde março, outras estão paradas desde o verão” e apontou que “em termos de salários temos o de setembro em atraso”.

Adão Ferreira informou também que a comissão de trabalhadores apelou a partidos políticos e entidades locais e que na próxima quinta-feira, dia da assembleia de credores, os trabalhadores vão estar às 9h30 junto ao Tribunal do Comércio para “mostrar indignação à empresa por causa deste tratamento”.

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