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Técnicos de diagnóstico são precários em falso outsourcing no Alto Minho

Bloco vai questionar o governo sobre a precariedade de 25 técnicos de diagnóstico e radiologia no Alto Minho. “Ganham metade do salário dos seus colegas, respondem à hierarquia dos hospitais, mas a cada três anos a empresa muda”, escreveu José Soeiro no facebook.
Técnicos superiores de diagnóstico “ganham metade do salário dos seus colegas, respondem à hierarquia dos hospitais, mas a cada três anos a empresa muda”
Técnicos superiores de diagnóstico “ganham metade do salário dos seus colegas, respondem à hierarquia dos hospitais, mas a cada três anos a empresa muda”

Técnicos Superiores de Diagnóstico de Radiologia (TSDT) do serviço de imagiologia da Unidade Local de Saúde do Alto Minho (ULSAM) reuniram esta segunda-feira com o deputado do Bloco de Esquerda José Soeiro, segundo a Lusa.

No final da reunião, José Soeiro afirmou à comunicação social: “Vamos interpelar diretamente o Ministério da Saúde, porque entendemos que, ao abrigo do Programa de Regularização Extraordinária de Vínculos Precários (PREVPAP), e mesmo no caso de pessoas que estão fora da janela temporal do PREVPAP, deve ser reconhecido que isto é uma situação irregular, é um falso ‘outsourcing’. O Estado deve contratar diretamente estes profissionais”.

José Soeiro acrescentou que também irá questionar o ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social: “Vamos também questionar a ministra do Trabalho, no sentido de saber qual a razão dos recursos feitos por estes trabalhadores não terem sido reapreciados nas comissões de avaliação bipartida, no sentido de lhes ser reconhecido o direito à vinculação”.

O deputado bloquista sublinhou que “a integração destes trabalhadores, a sua vinculação, o respeito pelas suas condições de trabalho é fundamental não apenas para os próprios e para a justiça laboral, mas é também fundamental para qualificar o Serviço Nacional de Saúde (SNS)e para garantir condições aos cidadãos”.

“Não é compreensível que no SNS esteja a recorrer a um falso ‘outsourcing’ para contratar estes técnicos por via de uma empresa que os aluga ao SNS e que, de três em três anos, não sabem se vão continuar ou não. Isto não é minimamente sustentável”, salientou ainda, frisando que “tal como aconteceu noutros serviços, também neste caso há todas as vantagens, do ponto de vista do funcionamento dos serviços públicos e da legalidade laboral de contratar estes trabalhadores e de os vincular ao SNS”.

"Uma desigualdade brutal de remunerações e direitos"

Na reunião com o deputado bloquista participaram 11 dos 25 técnicos, que entregaram um documento onde explicam que “o serviço de imagiologia está concessionado, desde 2004, a uma empresa, que é responsável pela gestão dos recursos humanos e manutenção dos equipamentos, sendo que os equipamentos e instalações são propriedade da ULSAM”.

“Em 2018, a ULSAM integrou todos os profissionais com vínculo precário (auxiliares de ação médica, administrativos e TSDT de outras áreas) exceto os técnicos superiores de radiologia”, denunciam estes técnicos, que sofrem a injustiça de uma desigualdade salarial brutal.

Susana Oliveira, no final da reunião com José Soeiro, contou aos jornalistas: “Já passei por quatro empresas e continuo sem saber se em abril de 2021 tenho emprego”.

“É vergonhoso. Nós ganhamos 700 euros por mês e um técnico de saúde, com a atualização que houve, ganha 1.200 euros”, frisou.

Outro técnico, Jorge Rodrigues destacou a desigualdade salarial, referindo que “são menos 500 euros” por mês e afirmando:

“Estamos dispostos a ir até onde for possível para resolver esta situação que se prolonga há mais de 15 anos. Neste momento, estamos basicamente a ganhar o salário mínimo. Os nossos salários não são atualizados. Estamos com um salário base de 630 e poucos euros e ganhamos 700. É um bocado impossível viver com esta quantia de dinheiro”.

Segundo a Lusa, a ULSAM foi criada em 2009, integra o hospital de Santa Luzia, em Viana do Castelo, o hospital Conde de Bertiandos, em Ponte de Lima, 13 centros de saúde, uma unidade de saúde pública e duas de convalescença, e serve uma população residente superior a 244 mil pessoas, contando com 2.500 profissionais, entre os quais 501 médicos e 892 enfermeiros.

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