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TAP: "Atos lesivos desta administração têm de ser passados a pente fino"

Reagindo ao "desfecho inevitável" das demissões na TAP depois de conhecido o relatório da IGF, Mariana Mortágua quer ir mais longe, questionando que outras decisões da administração podem ter sido lesivas do Estado, que conhecimento tinha Medina do caso e que consequências haverá da "fraude" que foi a compra da empresa por Neeleman.
Mariana Mortágua. Foto de Ana Mendes

O relatório da Inspeção-Geral de Finanças à saída da TAP da ex-secretária de Estado do Tesouro, Alexandra Reis, determinou que esta tem de devolver a indemnização milionária recebida. O Governo anunciou em seguida a demissão da CEO e do Chairman da empresa e Mariana Mortágua reagiu ao que chamou de "desfecho inevitável", "uma vez detetada uma irregularidade".

Ao ministro das Finanças que falou em "virar de página" a partir daqui, a deputada bloquista respondeu diretamente dizendo que este "pode ter vontade de virar a página mas não decide quando é que se vira a página". Isto porque "há uma avaliação que temos de fazer", nomeadamente na Comissão Parlamentar de Inquérito, e "há outras questões que têm de ser respondidas antes de a página ser virada". Entre elas estão "outras decisões que possam ter sido lesivas do interesse público, quais são as responsabilidades do próprio Ministério das Finanças nesta matéria, que não estão clarificadas" e ainda "quais são as consequências de se ter descoberto entretanto que a privatização de David Neeleman é uma fraude, ao Estado, aos contribuintes, à TAP".

Sobre a questão da privatização, Mariana Mortágua insiste que "o pior desfecho" seria "concluir uma privatização que volte a entregar a TAP a um fundo abutre ou a um qualquer acionista que a vai destruir".

A deputada tratou ainda de explicar em detalhe cada uma das "perguntas que merecem resposta" neste caso. À cabeç,a "se o Ministério das Finanças conhecia ou não o que se passou", porque "continua a ser uma perplexidade como é que foi necessário que todo este caso viesse a público e que o ministro das Finanças tivesse tido conhecimento dele ao mesmo tempo que qualquer cidadão teve, sendo que tinha uma responsabilidade acrescida que é a tutela sobre a TAP".

Sobre a ação anterior da administração agora demitida, pergunta, uma vez que esta "tomou levianamente" a decisão da indemnização de 500 mil euros a uma administradora, "que outras decisões terá tomado com a mesma leviandade e cometendo outra irregularidades. Assim, pensa que "os atos lesivos desta administração têm de ser passados a pente fino, porque há indícios de uma administração que toma este tipo de decisões contra os interesses da TAP e cometendo até algumas irregularidades".

Em terceiro lugar, face às notícias "que surgiram nos últimos dias sobre o anterior processo de privatização", passando-se a saber "que David Neeleman pagou a empresa com o dinheiro da própria empresa e portanto lesou a TAP em centenas de milhões de euros" , é preciso saber "quem é que sabia desta operação". Ou seja, se "o governo atual tinha ou não tinha conhecimento desta operação" e "tendo conhecimento quais foram as consequências para a nulidade da privatização em causa". "Mas sobretudo qual o sentido de voltar a insistir na privatização de uma empresa que é estratégica e que já se comprovou que corre o risco de desestruturar caso a privatização vá para a frente".

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