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Sudão: manifestantes exigem renúncia de Omar al-Bashir

Dezenas de milhares de pessoas continuam concentradas em frente ao quartel-general do exército. E prometem continuar até à saída do presidente sudanês.
magem da manifestação deste domingo em Cartum, em frente ao quartel militar da capital sudanesa. Foto EPA/STRINGER

Na maior vaga de protestos contra o regime sudanês, dezenas de milhares de pessoas concentram-se desde o fim da semana em frente ao quartel-general do exército, onde funciona também o Ministério da Defesa e a residência oficial do presidente sudanês. Os opositores têm apoio dos sindicatos, que exigem a nenúncia do presidente Omar al-Bashir e a formação de um governo de transição no país.

A manifestação foi reprimida pelas forças policiais no sábado, com recurso a fogo real para tentar dispersar a concentração, tendo resultado em pelo menos seis mortos e dezenas de feridos, segundo as agências internacionais. O sindicalista Ali Ibrahim, membro da Associação de Profissionais do Sudão, disse à imprensa que foi a intervenção do exército que travou a repressão, com os soldados a bloquearem as ruas e a fazerem disparos para o ar.

Um dos manifestantes foi o jornalista Faisal Saleh, que já passou pelas prisões de Cartum por causa das suas reportagens críticas do presidente al-Bashir.  Citado pela RFI, Saleh afirmou que “esta manifestação ultrapassou todas as expetativas dos organizadores” e teve “alguns momentos de forte tensão entre polícias e manifestantes, mas no fim de contas estes conseguiram fazer passar a sua mensagem ao exército de que não querem que este regime continue no poder”.

Esta segunda-feira, a polícia voltou a tentar dispersar os manifestantes acampados em frente ao quartel, lançando gás lacrimogéneo, mas sem sucesso.

Os protestos contra o presidente ganharam força em dezembro, quando o governo decidiu triplicar o preço do pão e aumentar bastante o dos combustíveis. A grave crise económica que atinge o país, que ficou privado da maior parte das suas reservas petrolíferas após a independência do Sudão do Sul em 2011, revelou-se o maior teste às três décadas de liderança de Omar al-Bashir.

Segundo a Human Rights Watch, desde então já terão morrido 51 pessoas devido à repressão por parte da polícia. Para tentar conter os protestos, o presidente declarou o estado de emergência em todo o país a 22 de fevereiro.

Este sábado, a concentração que ainda se mantém foi convocada para assinalar o aniversário dos protestos de abril de 1985, que levaram à saída do então presidente Yafar el Nimeiri.

A aliança de partidos e sindicatos da oposição afirmou em comunicado estar à espera que o exército "tome posição em favor do povo" com vista à deposição do presidente que tomou o poder em 1989, após um golpe de estado. Para além da concentração em Cartum, este domingo registaram-se bloqueios de estradas em cidades próximas da capital sudanesa.

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