Subcontratada do Facebook discrimina salarialmente portugueses

15 de abril 2024 - 16:27

A Barcelona Digital Services, que emprega moderadores de conteúdo para a rede social, foi condenada por discriminar os trabalhadores consoante a nacionalidade. Portugueses, espanhóis e italianos recebiam menos cerca de 28% do que franceses, holandeses e nórdicos. Os trabalhadores avançaram para a justiça e venceram.

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Imagem de 41330 no Pixabay.
Imagem de 41330 no Pixabay.

A CCC Barcelona Digital Services é uma filial do grupo canadiano Telus International. Em Espanha é responsável pela moderação de conteúdos para o Facebook. Tem por prática dividir os 1.800 trabalhadores por grupos de nacionalidades. Há um grupo A, constituído por trabalhadores com passaporte francês, neerlandês, israelita e dos países nórdicos, que ganha até mais 28% do que o denominado grupo B, constituído por trabalhadores com passaporte italiano, espanhol e português.

Mas 19 deles colocaram a empresa em tribunal por atentar contra o direito à igualdade e não discriminação. O Tribunal Social nº 31 de Barcelona deu-lhes razão e a empresa foi condenada a equipar os trabalhadores pelo salário mais elevado. Só que recorreu alegando que as diferenças salariais se devem aos idiomas diferentes que falam e a uma suposta escassez de trabalhadores do grupo salarial mais elevado que causaria dificuldade de contratação.

No acórdão, esta tese fica prejudicada com as constatações simples de que há na empresa trabalhadores nórdicos que traduzem português e que ganham mais do que os portugueses e de que na Catalunha residem 65.346 franceses mas apenas 27.351 portugueses.

Os 800 trabalhadores do grupo B terão assim de continuar a esperar. Apesar de ter ficado escrito que a empresa terá de “proceder ao cessamento imediato da política discriminatória e, para além da equiparação, indemnizar cada um dos 19 trabalhadores que foram a tribunal com 10.001 euros.

O caso contou com o apoio do gabinete jurídico do sindicato FIST que já há ano ano tinha conseguido uma vitória num caso semelhante no contact center WebHelp que emprega mais de 5.000 pessoas. Ao El Salto, Miguel Ángel Bachs, secretário-geral da organização, diz que esta é uma “situação endémica” no setor.

E, ao mesmo órgão de comunicação social, um trabalho relata que os trabalhadores também estão sujeitos a segregação física: “aqueles que somos mais índios que escandinavos, mais baixinhos que altos, trabalhamos nos pisos abaixo do Grupo A”.

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