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Sines: central termoelétrica renderá até mil milhões à EDP

Estudo da ERSE estima que a central termoelétrica de Sines poderá render entre 500 e mil milhões de euros até ao seu encerramento. Deputado Jorge Costa afirma que “é tempo de acertar contas”.
Central termoelétrica de Sines - Foto de Alberto Frias/Lusa
Central termoelétrica de Sines - Foto de Alberto Frias/Lusa

A central termoeléctrica de Sines poderá render entre 500 e mil milhões de euros de lucros à EDP até 2025, revela um estudo da Entidade Reguladora do Setor Energético (ERSE). O estudo “Avaliação Económica da Prorrogação da Central Termoelétrica de Sines”, de março de 2018, a que o Dinheiro Vivo teve acesso, analisa os cenários económicos futuros de exploração da central.

A ERSE elabora vários cenários para o resto da vida útil da central a carvão, que a EDP pretende encerrar até 2025 – o governo pretende que todas as centrais a carvão no país encerrem até 2030. Para a autoridade, entre os cenários mais favorável e desfavorável, o "valor atualizado líquido da prorrogação da central de Sines ... varia entre 1040 milhões e euros (8 anos risco baixo) e 571 milhões de euros (8 anos com condições de operação agravadas)”. No cenário de base considerado mais provável, a central renderá 951 milhões de euros. O desmantelamento da central deverá custar 73 milhões.

Qualquer que seja o cenário, para a ERSE prolongar a vida da central “liberta uma margem líquida positiva, que advém do facto dos custos totais (fixos e variáveis) serem mais que compensados pelas receitas obtidas em mercado com a produção desta central”.

A central termoeléctrica de Sines, inaugurada em 1984 pela EDP, então empresa pública, é a maior unidade nacional produtora de electricidade, com uma potência de 1250 MW e 15 a 20% da produção. É também a maior poluidora nacional, com cerca de 14% das emissões de gases com efeito de estufa do país; a central do Pego, segunda maior, emite 5%. O setor da energia no seu todo é o maior emissor destes gases, a par dos transportes, ambos com cerca de 23%.

Sines tem sido um dos assuntos em investigação pela comissão parlamentar de inquérito às rendas da energia. Em 2007, Manuel Pinho, ministro da energia de José Sócrates, para impedir um aumento súbito das tarifas de energia, contratualizou um aumento faseado de preços com a EDP, ficando a EDP credora da diferença até lá. Nasceu assim a chamada dívida tarifária, da qual a EDP e a banca extraíram avultados lucros, acima das condições normais de mercado, pagos pelos consumidores. Pinho estendeu também a concessão das centrais à EDP por 25 para além dos prazos originais, em condições que poderão ter lesado o interesse público.

Jorge Costa, deputado do Bloco relator da comissão, afirmou no Twitter que estes lucros futuros com Sines, estando a central paga desde 2017, devem reverter a favor dos consumidores através de uma redução das tarifas.

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