Silêncio instalado à volta do Montepio

02 de abril 2017 - 22:03

Segundo o semanário Expresso, os gestores receberam novo certificado de idoneidade em 2015. O governo não se pronuncia sobre a situação do Montepio.

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Segundo o Expresso/Economia, o Banco de Portugal está lentamente a afastar alguns dos gestores do Montepio. 

Não há ainda qualquer ordem pública nesse sentido mas, segundo o semanário, “três gestores que terminaram o mandato no final do ano passado, e que permanecem em funções, receberam informalmente o recado de que não devem constar na próxima lista de administradores do Montepio Crédito, empresa que pertence ao banco.” 
 
Os três gestores em causa são Paulo Magalhães, Jorge Barros Luís e Pedro Ribeiro. Todos pertencem ao Conselho de Administração do Montepio Crédito, e pertenceram à administração do próprio Montepio no mandato anterior sob a direção de Tomás Correia (entretanto afastado da gestão do banco, mas que se mantém como presidente da Associação Mutualista) que se recusa a sair do lugar enquanto os dois processos sob julgamento nos tribunais não apresentarem uma acusação. 
 
As suspeitas sobre Tomás Correia e estes gestores estão relacionadas com créditos de 40 e 30 milhões concedidos à Rio Forte, parte do Grupo Espírito Santo (GES) no início de 2014, numa altura em que já se conheciam os problemas que o grupo atravessava; bem como a concessão de créditos ao filho de José Guilherme (o amigo que ofereceu 14 milhões a Ricardo Espírito Santo) para este participar num fundo do próprio Montepio. 
 
Para alguém dirigir um banco tem de receber um certificado de idoneidade do Banco de Portugal, algo que Carlos Costa tem falhado sucessivamente em fazer com resultados desastrosos como foi a resolução do BES. 
 
Os três gestores do Montepio Crédito agora sob escrutínio viram a sua idoneidade renovada em 2015. 

Silêncio do governo

Tudo isto acontece sob um manto de desconforto crescente perante a degradação pública das condições financeiras do grupo. 
 
A Associação Mutualista Montepio Geral é estatutariamente dependente do governo, especificamente da Segurança Social, ou seja, do Ministro Vieira da Silva. 
 
Isto significa que, segundo uma pergunta entregue pelo Bloco de Esquerda ao ministro, o Ministério “tem entre as suas obrigações defender os interesses dos associados” da associação mutualismo. Por isso, o Bloco pergunta especificamente “que medidas” vai o governo tomar para “proteger os interesses dos associados.”
 
O Expresso questionou o Ministro sobre a entrada da Santa Casa da Misericórdia no capital do Montepio, ao que Vieira da Silva respondeu apenas que “o governo vê sempre com simpatia o reforço da associação entre as diversas instituições e famílias da chamada economia social”.