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Secas recorrentes prejudicam aquíferos e qualidade da água, afirma a APA

Secas mais frequentes e agricultura mais intensiva diminuem a capacidade de renovação dos aquíferos e a qualidade da água, revelam estudos para a Agência Portuguesa do Ambiente. Desde outubro, foram feitos quatro mil furos de captação de água.
Foto de Alan Bowring/Wikimedia Commons.
Foto de Alan Bowring/Wikimedia Commons.

As situações de seca estão a tornar-se mais frequentes em Portugal e a dificultar a recarga dos aquíferos, cuja qualidade das águas se está a degradar. Os dados provêm de estudos da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) a que a TSF teve acesso, apresentados esta quinta-feira numa sessão pública.

Felisbina Quadrado, diretora do Departamento de Recursos Hídricos da APA, adiantou à TSF que desde outubro do ano passado, início do ano hidrológico, foram licenciados quatro mil novos furos de captação de água. As situações de seca estimulam a criação de novos furos, bem como a adoção de formas mais intensivas de agricultura, que exigem mais água.

Um dos estudos a apresentar, conduzido pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, procurou avaliar a qualidade das águas nas zonas vulneráveis aos nitratos de origem agrícola — os nitratos combinam oxigénio e outros elementos com azoto, um dos elementos mais abundantes da atmosfera, que é decisivo para a fertilidade das terras. A responsável da APA afirmou à TSF que este estudo detetou "algumas contaminações com pesticidas que nos preocupam", alguns dos quais "já nem estão autorizadas em Portugal". Estes casos foram detetados em zonas de atividade agrícola mais intensa, que deverão ser sujeitas a medidas para conter os "impactos que a intensificação da atividade agrícola pode ter na qualidade da água".

Quanto a substâncias proibidas na água, a responsável da APA adiantou que é difícil estabelecer de onde vêm, pois nos dias de hoje é fácil a qualquer pessoa adquiri-las pela internet. Outra hipóteses é provirem de agricultores de Espanha, que as trouxeram para o país. Se as substâncias proibidas estão a ser detetadas, acrescentou, isso é sinal que já "estão a ser usadas em concentrações bastante elevadas, em excesso, que levam a que sejam arrastadas, quando chove" para os aquíferos.

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