Emergência climática

Seca no Norte, temporais no Sul: efeitos das alterações climáticas castigam o Brasil

30 de setembro 2024 - 16:30

Este ano o Brasil teve já 200 mil registos de focos de incêndio. Enquanto as regiões Sudeste, Centro-Oeste e Norte enfrentam uma seca severa, as chuvas fortes fustigam o sul do país.

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Brasil de Fato

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Incêndio no Parque Nacional de Brasília. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil.
Incêndio no Parque Nacional de Brasília. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil.

Embora o número de queimadas tenha caído nos últimos dias, o país ainda apresenta um número alto de focos de incêndios florestais neste domingo, segundo o BDQueimadas, órgão ligado ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

A maioria dos pontos de fogo estão concentrados no bioma Cerrado, com 516 focos, seguido da Amazónia, com 341 e setembro já é o sétimo mês com o maior número de alertas de queimadas da história, com quase 80 mil focos de incêndios. Em todo o ano, foram mais de 200 mil registos.

A ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva, tem defendido publicamente o endurecimento das punições a quem provoque propositadamente incêndios florestais.

As fortes ondas de calor que têm atingido o país e a ausência de chuvas, pioram a qualidade do ar em diversas regiões do país e têm vindo a alterar modos de vida. No Norte do país, o Rio Negro está perto de bater o recorde de baixa nível das águas, com 13,37 metros, apenas 67 centímetros a mais do que o mínimo já registado, que foi de 12,70 metros.

A seca compromete o tráfego de fluvial nesse que é um dos principais afluentes do Rio Amazonas, além de comprometer atividades de pesca. Por conta disso, a capital da Amazónia está em estado de emergência, assim como outros 61 municípios do estado. Segundo o governo estadual, mais de 560 mil pessoas são afetadas e o número ainda pode crescer.

Chuvinha

Moradores de algumas regiões do Distrito Federal comemoraram a chegada da chuva, após 157 dias de estiagem. Ocorreram chuvadas isoladas nos bairros de Águas Claras e Ceilândia. O Instituto Nacional de Meteorologia já tinha informado que a capital federal poderia registar precipitação em áreas isoladas ao longo do fim de semana – o último de setembro e o primeiro da primavera.

“As chances são pequenas, mas não estão descartadas”, avaliou o instituto na sexta-feira (27), ao destacar que as temperaturas na região vão continuar elevadas, com as máximas a poderem chegar aos 35 graus Celsius.

Na noite de ontem, moradores do Jardim Botânico chegaram a registar raios nos céus. O canto das cigarras, que indica chuvas, também aumentou a expectativa dos brasilienses pelas precipitações. Mas, apesar do rápido alívio, o Inmet emitiu dois avisos sobre ondas de calor e baixa humidade no Distrito Federal até pelo menos este domingo.

Extremos

Enquanto as regiões Sudeste, Centro-Oeste e Norte enfrentam uma seca severa, as chuvas voltam a castigar cidades do Sul do país. O Rio Grande do Sul voltou a ser atingido por fortes chuvas durante a última semana, que deixou pelo menos 349 pessoas desalojadas, enquanto outras 367 tiveram que recorrer a abrigos, de acordo com a Defesa Civil do estado.

Os gaúchos ainda se recuperam das enchentes que ocorreram no estado durante o mês de março, e que deixou a capital, Porto Alegre, e outros 470 municípios debaixo de água. Na ocasião, 170 pessoas morreram e outras 600 mil ficaram desabrigadas. O governo gaúcho calcula que mais de 2,5 milhões de pessoas tenham sido afetadas pelos temporais de março.

Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, a previsão para outubro é de chuvas acima da média em grande parte das regiões Sul, Sudeste e Centro-oeste, a partir da segunda quinzena do mês. Já nas regiões Norte e Nordeste, as chuvas devem ocorrer, mas ainda abaixo da média registada.


Texto originalmente publicado no Brasil de Fato.