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Sahara Ocidental: Mohamed Lamin Haidala um ano após a sua morte

Passou um ano desde a morte de Mohamed Lamin Haidala (8 de Fevereiro de 2015). A mãe, Takbar Haddi continua, a lutar diariamente para conseguir que lhe entreguem o corpo do filho, a fim de lhe fazerem uma autópsia imparcial Quer apenas que a verdade das trágicas circunstâncias da sua morte seja reposta e lhe possa fazer um funeral condigno e finalmente ter um pouco de paz de espírito. Por Né Eme
Takbar Haddi na Plaza de La Feria, em frente à delegação do Governo de Espanha em Las Palmas de Gran Canaria

Por diversas vezes noticiámos aqui o caso Haidala.(ver aqui diversas noticias)

Um jovem Saharaui, que morreu após ter sido espancado e golpeado, na sua terra natal (Sahara Ocidental) por colonos marroquinos com uma tesoura e que morreu porque os médicos também marroquinos negligenciaram os cuidados que o seu grave estado de saúde exigia.

Recordamos:

Em 31 de janeiro de 2015 foi brutalmente espancado e golpeado.

Levado pela polícia marroquina a um Hospital em El Aaiun, foi-lhe dada alta por “não ter nada”.

Passou essa noite deitado no chão da esquadra. Foi libertado no dia seguinte.

Dia 3 de fevereiro, perante o agravamento do estado de saúde de Mohamed, é levado de novo ao hospital em El Aaiun e os médicos diagnosticam-lhe uma infeção generalizada.

650Km e 10h depois, Mohamed chega a Agadir, em Marrocos e acaba por falecer na madrugada de 8 de fevereiro de 2015 vítima de maus tratos e negligência médica.

Naturalmente, o seu corpo deveria então ser devolvido à sua família para que se cumprissem as exéquias fúnebres. Mas por forma a ocultar o verdadeiro motivo da morte do jovem Mohamed, e deixar impunes os verdadeiros responsáveis, o corpo continua até aos dias de hoje desaparecido, enterrado pelos Marroquinos sem o consentimento da família.

Uma mãe que reclama justiça

Takbar Haddi luta para que seja feita uma investigação independente sobre este crime, a detenção dos colonos, o apuramento dos motivos da negligência médica e o conhecimento dos médicos responsáveis, a exumação e autópsia imparcial e independente do corpo por forma a apurar os verdadeiros motivos da morte de Haidala. Finalmente, que os restos mortais do jovem sejam entregues á família.

Depois de apresentar várias reclamações na esquadra da policia em El Aaiun e na sede da Minurso e das quais jamais obteve resposta, Takbar Haddi decide fazer uma greve de fome em frente ao Consulado Marroquino em Las Palmas de Grand Canaria.

36 Dias depois, Takbar Haddi ainda em greve de fome é hospitalizada e o seu estado de saúde muito delicado.

Começa então uma greve de fome em cadeia, que durou cerca de 180 dias, protagonizada por ativistas. Durante 24h cada ativista permanecia em greve de fome, em solidariedade com Takbar Haddi.

Takbar passa agora os dias a recolher assinaturas para a Causa Saharaui, na Plaza de La Feria, em frente à delegação do Governo de Espanha em Las Palmas de Gran Canaria. Tal como Takbar Haddi, devemos denunciar as flagrantes e diárias violações dos direitos humanos no Sahara Ocidental, os roubos dos seus recursos naturais

E Takbar Haddi resiste. “Não descansarei até que se faça justiça”

Ao longo de dias de sol e altas temperaturas, Takbar Haddi, permaneceu na rua de dia e de noite. Embora lhe tenha sido vedada a permanência em frente ao Consulado Marroquino em Las Palmas de Grand Canaria, Takbar passa agora os dias a recolher assinaturas para a Causa Saharaui, na Plaza de La Feria, em frente à delegação do Governo de Espanha em Las Palmas de Gran Canaria. E nem os dias mais chuvosos e mais frios a demovem. Esta mulher de frágil aparência é detentora de uma enorme coragem e forte determinação.

Tal como Takbar Haddi, temos que ser fortes o suficiente para apoiar este povo, o povo Saharaui na sua luta pela autodeterminação, continuar a denunciar a invasão marroquina no Sahara Ocidental, a falta de acção da ONU nesta questão, a cobardia espanhola.

Tal como Takbar Haddi, devemos denunciar as flagrantes e diárias violações dos direitos humanos no Sahara Ocidental, os roubos dos seus recursos naturais.

Devemos ser suficientemente humanos, para impedir que este sofrimento se prolongue por mais tempo, e mostrar ao Mundo de uma vez por todas que Marrocos sujeita todo este povo às piores humilhações crimes hediondos tais como violações físicas e prisões arbitrárias de cidadãos civis que julgados militarmente são obrigados sob tortura a assinar confissões de culpa que nem chegam a ler. Que muitos cidadãos Saharauis, porque são ativistas dos direitos humanos nem sequer podem recorrer a um hospital. É-lhes vedado o ensino em varias áreas, o trabalho…. Que futuro os espera?

Porque o dia-a-dia de um Saharaui nos territórios ocupados é algo que nem eu nem tu queremos para nós ou para os nossos filhos.

Artigo de Né Eme

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