Rússia diz que foi a UE que pediu a “lista negra” de políticos impedidos de entrar no país

31 de maio 2015 - 14:16

A lista com 89 nomes de políticos europeus impedidos de passar a fronteira russa é uma resposta às sanções da UE e foi enviada a seu pedido, afirma a diplomacia de Moscovo.

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Depois de ver alguns políticos voltarem para trás ao chegarem à fronteira russa, a UE pediu mais transparência sobre esta proibição. Foto jechstra/Flickr

A polémica lista tem vindo a ser parcialmente divulgada nos media europeus, à medida que as chancelarias tomam conhecimento dos nomes que inclui. No caso britânico, sabe-se que integra o ex-vice primeiro ministro Nick Clegg e o ex-ministro da Defesa Malcolm Rifkind. O diário Guardian junta os nomes de figuras de topo da espionagem britânicacomo o diretor do MI5, Andrew Parker, o ex-diretor do MI6, John Sawers, e o general Nocholas Houghton.

A Alemanha pediu explicações este sábado sobre a inclusão de oito personalidades na lista. Entre eles estão três políticos da CDU/CSU, os líderes dos Verdes no Parlamento Europeu, o secretário-geral do Conselho Europeu, a secretária de Estado da Defesa e o general que comanda a força aérea. Segundo a imprensa dinamarquesa, este país tem na lista os nomes de dois antigos ministros da defesa, o chefe dos serviços secretos e o líder do Partido Popular Dinamarquês. Da Holanda constam os nomes de dois deputados e um eurodeputado, da Finlândia há pelo menos uma eurodeputada dos Verdes, da Suécia há oito nomes e na Bélgica sabe-se que o ex-primeiro ministro e atual líder do grupo Liberal no Parlamento Europeu, Guy Verhofstadt, também integra a lista.

“As listas foram enviadas num gesto de confiaça e a sua publicação pesará na consciência de quem o fez”, diz o alto-funcionário da diplomacia russa, levantando a dúvida sobre se o pedido da lista teria afinal acontecido “para minimizar os inconvenientes para potenciais impedidos de entrar ou para armar mais um espetáculo político”.

Os políticos incluídos nesta lista destacaram-se pelas declarações públicas em defesa das sanções à Rússia e um porta-voz da política externa da União Europeia disse no sábado que considera a medida “totalmente arbitrária e injustificada, em particular pela falta de qualquer transparência ou explicação” sobre a razão destes nomes constarem na lista.

Mas numa coisa estão de acordo o porta-voz da UE e a diplomacia russa. A lista só existe porque “a UE e os Estados Membros cujos cidadãos eram afetados reiteraram por diversas vezes o pedido de transparência sobre o conteúdo desta lista”, diz a mesma declaração de Bruxelas.

Do lado russo, uma fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros disse à agência Tass que não iria comentar os nomes das pessoas que estavam proibidas de entrar no país e confirmou o envio das listas para os países europeus. “As listas foram enviadas num gesto de confiaça e a sua publicação pesará na consciência de quem o fez”, diz o alto-funcionário da diplomacia russa, levantando a dúvida sobre se o pedido da lista teria afinal acontecido “para minimizar os inconvenientes para potenciais impedidos de entrar ou para armar mais um espetáculo político”.

Na sequência das sanções, Moscovo fez saber aos países europeus que os seus enviados deviam consultar os serviços consulares antes de viajarem para a Rússia, para saberem se podiam ou não entrar no país. “Contudo, os nossos parceiros preferiram não o fazer e pediram para ser notificados através dos canais diplomáticos”, tendo recebido então a lista com os nomes de pessoas impedidas de passar a fronteira, acrescentou a fonte diplomática russa, deixando claro que a medida é “uma resposta à campanha de sanções lançada contra a Rússia por alguns países seguidores da Alemanha na União Europeia”.

“Também há cidadãos dos Estados Unidos da América nestas listas negras, mas deve dizer-se que neste caso os nossos parceiros norte-americanos agem de forma mais construtiva do que os europeus”, sublinhou a mesma fonte.