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Rússia aumenta fornecimento de gás à Europa

A estratégia de Putin procura recuperar influência geopolítica sobre os países europeus, nomeadamente Alemanha e Áustria, que há vários anos evitam contratos diretos com a Gazprom.
O fornecimento da Gazprom deverá ser reforçado a partir de 7 ou 8 de novembro. Foto de Robert Ghement via EPA/Lusa.
O fornecimento da Gazprom deverá ser reforçado a partir de 7 ou 8 de novembro. Foto de Robert Ghement via EPA/Lusa.

Num novo passo de geopolítica energética, Vladimir Putin anunciou o aumento de fornecimento de gás natural aos países europeus. A Rússia fornece atualmente um terço do gás consumido na União Europeia, essencialmente pela Alemanha e países do leste europeu.

O forte aumento de consumo provocada pela retoma económica está a ter uma pressão inflacionária cujo impacto só será evidente nos próximos meses na fatura dos consumidores, e os países europeus querem aliviar os preços tanto quanto possível através do aumento de fornecimento.

O anúncio partiu de uma sessão pública dedicada ao desenvolvimento dos campos de gás na península de Yamal, preparada para mostrar a força política do presidente da Rússia, com Vladimir Putin a dar a ordem diretamente ao presidente da Gazprom, Alexei Miller.

A Gazprom prevê concluir o enchimento dos reservatórios russos com 72,638 mil milhões de metros cúbicos de gás até 7 ou 8 de novembro, momento a partir do qual começará a aumentar o fornecimento para o território europeu.

"Peço-vos, após a conclusão do enchimento dos reservatórios subterrâneos de gás na Rússia (...), que iniciem um trabalho gradual e planeado para aumentar os volumes de gás nos reservatórios subterrâneos na Europa", declarou Putin, citado pelas agências internacionais, especificando que a medida visava em concreto a Alemanha (país com o qual partilha o projeto do gasoduto Nord-Stream 2) e a Áustria.

"Isto permitirá garantir as nossas obrigações contratuais de maneira confiável, estável e com ritmo e fornecer gás aos nossos parceiros europeus no outono e no inverno", e irá criar "uma situação mais favorável no mercado europeu de energia em geral", disse ainda Vladimir Putin.

Há vários anos que os países europeus têm evitado contratos diretos com a Gazprom, optando pela compra nos mercados públicos, sujeitando-se às flutuações de mercado. A opção retirava influência estratégica da Rússia sobre os países europeus, algo que Vladimir Putin quer recuperar.

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