Os técnicos de som do Centro de Produção Norte da RTP cumprem, esta quinta-feira, um dia de greve.
A paralisação deve-se à falta de condições laborais nesta empresa pública, a política de baixos salários, o recurso permanente à subcontratação e a sobrecarga da jornada laboral, que obriga os trabalhadores do áudio a trabalhar em dias de feriado e a fazer frequentemente horas extra.
A adesão à greve deste setor da RTP, no Porto, foi geral e apanhou a administração da empresa de surpresa, que não conseguiu substituir os trabalhadores e garantir atempadamente a emissão de todos os programas.
O programa de entretenimento matinal “Praça da Alegria” não foi para o ar e a emissão do jornal da manhã “Bom Dia Portugal” acabaria por ser assegurado pelo coordenador de áudio do Centro de Produção Norte e apenas meia hora mais tarde, obrigando a equipa de Lisboa a prolongar a emissão até que fosse possível garanti-la autonomamente a partir do Porto.
“O nosso trabalho é frequentemente desvalorizado”
Através de um comunicado divulgado esta quinta-feira, os trabalhadores «sublinham que “é com um profundo sentimento de injustiça que os técnicos de som de TV do Centro de Produção Norte vêm, por este meio, anunciar a adesão à greve decretada pelo Sindicato dos Trabalhadores de Telecomunicações e Comunicação Audiovisual”.
“Consideramos que o nosso trabalho é, frequentemente, desvalorizado, em detrimento de contratações externas precárias e com níveis de desempenho técnico muito questionáveis”.
Os técnicos de som dizem não compreender a posição da administração da empresa “ao pretender conter os custos do trabalho, nomeadamente aqueles que dizem respeito às ajudas de deslocação dos seus trabalhadores, recorre depois a contratações que deixam os trabalhadores dos quadros com horários “zero” e que “antes da empresa começar a recorrer à contratação de trabalhadores externos para os horários noturnos, o número de técnicos de som do Centro Produção Norte era, exatamente, o mesmo”.
Os trabalhadores denunciam ainda que “a empresa recorre diariamente à contratação externa e mantém um técnico de som dos quadros com um contrato de 9 dias por mês, sabendo que o trabalhador afetado tem o maior interesse em trabalhar a tempo inteiro”.
Na nota escrita é ainda denuncia que estes técnicos “são alvo de discriminação salarial decorrente de um desadequado enquadramento por comparação com os restantes colegas do mesmo sector, especificamente com os que trabalham na RTP sede”.
“Aderimos à greve decretada na derradeira tentativa de nos fazermos ouvir. Não pretendemos comprometer o nosso profissionalismo, mas não podemos abdicar do reconhecimento que julgamos merecido”, concluem os trabalhadores grevistas.