Rescaldo das legislativas em França: “L’état c’est Macron? Pas du tout!”

25 de junho 2017 - 21:50

As presidenciais e as legislativas consagraram Macron como o novo homem forte de França. Mas, ao contrário do que se possa pensar olhando apenas para a correlação de forças no Parlamento, terá muitas dificuldades em impor as suas políticas. Por Jorge Martins.

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Foto World Economic Forum, Flickr.

A 2ª volta das eleições legislativas francesas confirmou o que era esperado: o REM (La République en Marche), novel partido do presidente Macron, de tendência liberal, e os seus aliados centristas do MoDem (Mouvement Démocratique), de François Bayrou, obtiveram uma maioria esmagadora na Assembleia Nacional, a câmara baixa do Parlamento francês. Contudo, e ao contrário do que algumas sondagens vaticinavam, essa vantagem não assumiu as proporções avassaladoras que se temiam após o 1º turno.

Para tal, contribuiu a diferença na afluência por parte dos vários eleitorados. Recorde-se que, na 1ª volta, a abstenção atingiu 51,3% dos eleitores inscritos, a que podemos somar 1,1% de votos brancos e nulos. Agora, e como quase sempre sucede entre as duas voltas das legislativas, aumentou, atingindo uns estratosféricos 57,4% dos recenseados, a que acrescem 4,2% de boletins em branco ou anulados. Para estes elevados valores do abstencionismo contribuíram o elevado cansaço dos eleitores (afinal, em menos de dois meses, tiveram de ir votar quatro vezes) e o desencanto com a maioria da classe política, afogada em escândalos e incapaz de resolver os grandes problemas económicos e sociais do país.

Contudo, enquanto que, no dia 11, os apoiantes do novo presidente acorreram em massa às urnas e a maioria dos que se lhe opõem não foi votar, como se pode ver aqui, desta vez a realidade foi outra, com a abstenção a distribuir-se mais pelas diferentes formações políticas.

Como se pode ver nos quadros 1 e 2, cerca de 20% dos que, no 1º turno, votarem REM ou MoDem abstiveram-se agora, o que significa um pouco mais de 3% do eleitorado. Um dado tanto mais significativo quando os seus candidatos se encontravam na liça em mais de 517 das 573 circunscrições em disputa. Esta menor afluência do eleitorado “macronista” terá duas explicações, ambas relacionadas com as excelentes perspetivas que lhes abriram pelos resultados da 1ª volta: em primeiro lugar, o excesso de confiança de alguns, que acharam que, tendo a vitória assegurada, não valeria a pena votar; outros, apesar de votantes nessas forças políticas e no atual PR, mas não seus apoiantes incondicionais, terão entendido que não seria saudável para a democracia uma hipermaioria presidencial e, por isso, preferiram abster-se.

Ao invés, só 14% dos da FN (Front National, extrema-direita) ou 17% dos votantes no LR (Les Républicans, principal partido da direita clássica) ou UDI (Union des Démocrates et Indépendents, centro-direita) se absteve ou não votou de forma válida. Por seu turno, à esquerda, 20% dos eleitores do PCF (Parti Communiste Français) e 23% da FI (La France Insoumise) absteve-se ou optou pelo voto branco ou nulo. A abstenção atingiu um pouco mais os eleitores do PS (24%) e, em especial, dos ecologistas da EELV (Europe Écologie Les Verts), mas estes últimos apenas se qualificaram em duas circunscrições.

Para os eleitores das forças políticas não apoiantes do novo chefe de Estado, a ideia de um domínio quase total da Assembleia Nacional por parte dos seus partidários terá constituído um toque a rebate, que levou alguns a comparecer nas urnas, mesmo em círculos onde os candidatos dos seus partidos tinham sido eliminados. Apesar disso, é óbvio que o facto de estarem presentes em maior número de circunscrições, como se pode observar no quadro 3, contribuiu para que os eleitores da direita e da extrema-direita tenham registado uma participação eleitoral mais elevada que os da esquerda.

Analisemos, agora, os resultados das diferentes formações concorrentes a estas eleições.

Os partidos da maioria presidencial (REM e MoDem) obtiveram, em conjunto, 350 dos 577 deputados, ficando o primeiro com 308 lugares e o segundo com 42. Para este último, o acordo com Macron foi um excelente negócio, já que lhes permitiu somar 40 eleitos aos dois que tinham na legislatura anterior. A esses haverá, ainda, que juntar sete eleitos que se reclamam da maioria presidencial: três independentes que concorreram sob a etiqueta “diversos”, dois que se apresentaram na amálgama “diversos de direita” (DVD) – um da AC (Alliance Centriste), pequeno partido que abandonou a UDI, e um centrista independente - e dois ex-socialistas, amalgamados em “diversos de esquerda” (DVG), um dos quais o ex-ministro Manuel Valls, cuja eleição, na 1ª circunscrição de Essone, se encontra sob suspeita. Como já referimos aqui, o sistema maioritário a duas voltas potencia a eleição de deputados dos partidos de maior dimensão e mais centrais no espectro político. Neste caso concreto, estas duas formações tiveram, na 1ª volta, 32,3% dos sufrágios, valor que, na ronda decisiva, aumentou, naturalmente, para 49,1%; no final, elegeram 60,7% dos parlamentares. Na 2ª volta, para além de conservarem mais de 3/4 dos que neles votaram, garantiram, ainda, cerca de 45% de eleitores do PS e PRG e um valor aproximado da EELV, outros ecologistas e diversos de esquerda. Além destes, também foram buscar cerca de 15% de votantes na esquerda (FI e PCF) - em confrontos com a FN e, em alguns casos, com a direita clássica - e um pouco menos de eleitorado desta última: contra a esquerda e, igualmente, para barrar a FN. Dos duelos eleitorais em que estiveram envolvidos na 2ª volta, venceram 348 e perderam 169 (306-149 o REM e 42-20 o MoDem). E só não terão vencido um maior número de circunscrições porque, em algumas delas, terá havido uma espécie de pacto informal entre eleitores de diferentes formações políticas para evitar a temida hipermaioria “macronista”.

Por sua vez, o LR e seus aliados da UDI continuam a ser a principal força da oposição, mas registaram uma derrota histórica, pese embora não se tenham confirmado as piores previsões. Assim, os primeiros elegeram 112 deputados (perderam 82) e os segundos voltaram a ficar com 18, num total de 130 parlamentares. A estes, haverá que somar três dos seis eleitos sob a etiqueta “diversos de direita” (DVD): dois de partidos anti independentistas moderados da Polinésia Francesa e da Nova Caledónia, próximos da UDI, e um independente, eleito nos Vosges. Em termos de votação, passaram dos 18,8% do 1º turno para 25,3% no segundo, tendo eleito 22,5% dos deputados. É notório que a atração do novo presidente e a sua “pesca à linha” nas fileiras da direita fez estragos. Para além de quase 2/3 dos obtidos na ronda inicial, o grande reforço de sufrágios na 2ª volta veio da conquista de cerca de 1/3 do eleitorado da FN e do DLF (Debout la France), pequeno partido de direita nacionalista, liderado pelo ex-candidato presidencial Dupont-Aignan e de perto de 1/4 de outras pequenas formações de direita, que acorreram a votar contra a coligação REM-MoDem ou contra a esquerda. Terá havido, ainda, cerca de 10% de votantes da esquerda a transferir os seus votos para estas formações, quer contra os “macronistas” quer contra a FN. Dos 300 confrontos em que estiveram envolvidos no 2º turno, o saldo é negativo: venceram 129 e perderam 171 (112-153 o LR e 17-18 a UDI). Dessas derrotas, apenas 12 não ocorreram frente a candidatos da maioria presidencial. No balanço final dos duelos entre a direita clássica e os apoiantes do presidente, a primeira triunfou em 105 e foi derrotada em 159. A sua derrota mais significativa ocorreu na 2ª circunscrição de Paris, onde a ex-vice-presidente do LR, Nathalie Kosciusko-Morizet, foi batida pelo candidato da REM.

O terceiro lugar, em número de deputados eleitos, foi para o PS e seus aliados social-liberais do PRG (Parti des Radicaux de Gauche): 30 para os primeiros e três para os segundos. A estes poderão juntar seis dos 12 eleitos sob a etiqueta “diversos de esquerda” (DVG), todos no chamado ultramar: três de Guadalupe, dois da Martinica e um de Wallis e Futuna (no Pacífico), embora este último assuma querer estar sempre alinhado com o poder. Apesar dessa pequena benesse do sistema eleitoral, os socialistas são os grandes derrotados destas eleições: perderam 250 (!...) lugares no Parlamento e os parceiros nove. A desastrosa presidência de Hollande e a atração exercida por Macron sobre a ala direita do partido explicam esta verdadeira hecatombe eleitoral, já ocorrida na 1ª volta e que a 2ª apenas veio confirmar. Em termos de votos, depois dos 7,9% no dia 11, PS e PRG, presentes em apenas 70 circunscrições, somaram, agora, 6,0% e obtiveram 5,7% dos lugares na Assembleia Nacional. Apesar de tudo, o saldo dos duelos não é muito negativo: ganharam 33 e perderam 37 (30-35 o primeiro e 3-2 o segundo). Este aparente paradoxo explica-se pelo seu posicionamento, no centro-esquerda do espectro político, o que lhe permitiu beneficiar do “voto útil” de vários eleitorados: embora apenas tenham conservado cerca de 20% dos seus eleitores do 1º turno, conseguiram, na 2ª volta, o apoio de perto de 15% dos ecologistas, de outras pequenas forças de esquerda e do PCF, bem como cerca de 10% da FI. Ao mesmo tempo, ainda foram buscar 5% de eleitores dos LR, da UDI e de pequenos partidos e candidaturas independentes, que, em alguns círculos, optaram por barrar os candidatos da FN. Depois de terem perdido, logo à primeira, o ex-candidato presidencial, Benoît Hamon, o primeiro-secretário do partido, Jean-Christophe Cambadélis (que, entretanto, se demitiu), e vários ex-ministros, perderam, agora, outras três importantes figuras do governo de Valls: Myriam El-Khomri, Najat Vallaud-Belcacem e Marisol Touraine, que detiveram as pastas do Emprego, da Educação e da Saúde, respetivamente. Algo que ilustra, de forma eloquente, a forma como os seus executivos geriram as áreas sociais.

A quarta posição ficou para a FI, a principal força de esquerda, que elegeu 17 deputados, uma subida significativa face aos três que detinha na legislatura anterior, eleitos nas listas da FG (Front de Gauche), que incluía, igualmente, o PCF. Poderemos, ainda, incluir, entre os seus apoiantes, um dos eleitos na ilha da Reunião, sob a etiqueta DVG (Divers gauche): o líder do movimento local da esquerda radical, Razistons, Égalité 974, Jean-Hughes Ratenon. Relativamente à votação, depois dos 11,0% na 1ª volta, obteve, nos círculos que disputou, 4,9%; no final, fruto do sistema eleitoral, apenas conquistou 3,0% dos lugares parlamentares. Apesar de tudo, os resultados acabaram por ser um pouco melhores do que se esperava após a 1ª volta, quando quase metade dos seus eleitores, desiludidos com a falta de unidade entre aqueles que apoiaram Mélenchon nas presidenciais, não acorreram às urnas. Agora, face à perspetiva de uma estrondosa vitória de Macron, o eleitorado da esquerda mobilizou-se mais, o que permitiu à FI ter o número de deputados suficientes para formar um grupo parlamentar. Mas, para além de ter ficado com 20% dos que nela votaram na 1ª volta, recebeu, ainda 27% de eleitores do PCF e cerca de 1/6 da extrema-esquerda. Há, ainda, a registar o apoio de 3% de eleitores da FN - que, em certos círculos, terão preferido votar na esquerda contra as candidaturas do “centrão” - e de 2% da EELV e o mesmo do PS. No turno final, a FI esteve presente em 67 confrontos, tendo ganho 17 e perdido 50. Der realçar que, em 64 deles, teve como adversários candidatos da maioria presidencial, dos quais venceu 16 e perdeu 48. Nos restantes três, venceu a FN e perdeu com o PS e com Valls (etiquetado nos “diversos de esquerda”). Esta última, apenas por uma diferença de 0,3% (139 votos), foi contestada pela candidata derrotada, que alega graves irregularidades no escrutínio. De realçar a estreia de Jean-Luc Mélenchon como deputado, após o seu triunfo sobre a candidata da REM na 4ª circunscrição de Marselha, com cerca de 60% dos votantes.

Seguiu-se o PCF, que elegeu 10 deputados, mais três que em 2012, quando integrou as listas da Front de Gauche. Há, ainda, que considerar três eleitos sob a sigla DVG que podem juntar-se aos comunistas: os deputados do movimento PLR (Pour La Réunion), do Partido Socialista da Guiana (PSG) e de um movimento de esquerda da Martinica. Tendo obtido 2,7% dos sufrágios na ronda inicial, conseguiu 1,2% agora, o que lhe valeu 1,7% dos lugares na Assembleia Nacional. Apesar de apenas ter se ter qualificado para a 2ª volta em 12 circunscrições, venceu 10 (oito frente à REM e 2 à FN) e apenas foi batido em duas (uma pelo candidato da REM e outra pelo do MoDem). Estes desfechos traduzem o facto de os comunistas terem o seu eleitorado concentrado em alguns bastiões localizados, onde apostaram fortemente na (re)eleição dos seus candidatos. Por isso, e ao contrário do que sucede com a FI, não é tão prejudicado com o sistema maioritário. O partido conservou 5% do seu eleitorado do 1º turno e foi buscar a mesma percentagem de eleitoral à FI e 10% à extrema-esquerda, além de alguns votos da EELV e do PS, bem como da FN, neste caso pelas mesmas razões mencionadas relativamente à FI.

Por sua vez, a FN apenas conseguiu eleger oito deputados, mesmo assim uma grande subida face aos dois que detinha anteriormente. Depois do mau resultado na ronda inicial, em que mais de metade dos seus eleitores - desiludidos com a clara derrota nas presidenciais e as divisões no seio, que se seguiram aquela - se abstiveram, o partido conseguiu minorar os danos. Com efeito, à exceção de 1986, quando o escrutínio decorrereu segundo um sistema de representação proporcional, logrou eleger o maior número de deputados de sempre, embora, mesmo assim, insuficiente para constituir um grupo parlamentar. Já referimos que o partido é o grande prejudicado pelo sistema maioritário a duas voltas, em especial devido à sua posição de extrema-direita no xadrez político. Então, com 13,2% dos sufrágios na 1ª volta e 8,8% no turno final, apenas teve direito a 1,4% dos lugares parlamentares. Daí que, apesar de ter estado presente em 119 confrontos na ronda decisiva, apenas venceu oito, ambos contra a coligação “macronista” (quatro contra a REM e outros quatro frente ao MoDem). Nestes, destaca-se a estreia de Marine Le Pen como deputada, após ter ganho a 11ª circunscrição do Pas-de-Calais, com 58,5% dos votos, batendo a candidata da REM. Porém, o seu nº 2, Florian Philippot foi batido no seu círculo, na Moselle. Analisando as transferências de voto, verificamos que a FN conservou quase 40% dos que nela votaram no 1º turno, para além de ter garantido o apoio de 22% de eleitores do DLF, 10% de outros pequenos partidos de direita e 2% do LR, bem como metade da restante e residual extrema-direita. Simultaneamente, 4% de votantes na FI, 3% no PCF e 8% na extrema-esquerda preferiram os candidatos da FN face aos das forças representativas do “mainstream”. É isso que explica a eleição de um maior número de deputados “lepenistas”, apesar de ter baixado ligeiramente a sua votação: a barragem republicana à eleição dos seus candidatos não funcionou tão eficazmente quanto é hábito, quiçá porque, para muitos eleitores, a grande ameaça era a possibilidade de uma maioria presidencial hiperdimensionada e não a extrema-direita.

Outro facto relevante deste escrutínio ocorreu na Córsega, onde os nacionalistas arrebataram três dos quatro lugares em disputa, quando, antes, não tinham qualquer representante na Assembleia Nacional francesa. E só não terão ficado com o quarto porque, na 1ª circunscrição da Córsega do Sul, foram eliminados na 1ª volta apenas por 13 votos. Organizados na coligação Pè a Corsica (Pela Córsega), que junta os autonomistas do Femu a Corsica e os independentistas da Corsica Libera, os nacionalistas derrotaram os candidatos da direita e da REM e vão procurar aproveitar este êxito para reivindicar um estatuto de autonomia mais alargado para aquela região insular mediterrânica. Outros movimentos separatistas presentes são o Movimento Independentista da Martinica (MIM), que perdeu um dos dois lugares que detinha, e o Tavini Huiraatira, partido que defende a independência da Polinésia Francesa e que se estreia no Parlamento francês.

As restantes forças políticas elegeram apenas um deputado. Uma delas são os ecologistas da EELV, que, em 2012, coligados com o PS e o PRG, elegeram 17 deputados. Na 1ª volta, apesar de terem obtido 3.4% dos votos, sofreram uma hecatombe e apenas conseguiram duas presenças na ronda final. Nesta, venceram no Doubs, no Leste - em cuja 2ª circunscrição foi eleito Éric Alauzet, com o apoio do campo “macronista”, que não lhe opôs uma candidatura alternativa - e perderam no 2º círculo dos residentes no exterior (América Latina e Caraíbas), onde Sergio Coronado, apoiado pela FI, foi batido pela candidata da REM. Tal como o PS, são os grandes derrotados destas eleições. Resta saber se as suas duas principais figuras, os eurodeputados Daniel Cohn-Bendit e José Bové, tentarão reconstruir o partido ou apostarão numa recomposição do espaço da ecologia e do centro-esquerda.

A estes, há a acrescentar os seguintes: o DLF, que perdeu um dos seus dois deputados e só a muito custo viu o seu líder e ex-candidato presidencial Nicolas Dupont-Aignan ser reeleito na 8ª circunscrição de Essone; o ruralista Résistons!, do também ex-candidato Jean Lassalle, reeleito com a mesma dificuldade na 2ª dos Pirenéus Ocidentais e que surge na amálgama DVD; o MRC (Mouvement Républican Citoyen), da esquerda soberanista, amalgamado nos DVG, que voltou a eleger, com facilidade, o seu líder, Christian Hutin, na 13ª do Nord, e a LdS (Ligue du Sud), pequeno partido regional da extrema-direita, que reelegeu tangencialmente o seu líder, Jacques Bompard, na 4ª do Vaucluse, no interior da Provença.

Há, ainda, dois aspetos a salientar: a pouco habitual renovação dos eleitos (só 145 dos 577 são deputados cessantes, ou seja, cerca de 1/4), fruto da grande maioria da REM, um partido novo e onde metade dos candidatos não tinha experiência política anterior, e o enorme crescimento do número de mulheres deputadas (de 155 para 224, ou seja, de 26,8 para 38,8%). Porém, se esses dois aspetos são positivos, há um muito negativo associado a essa renovação: a elitização dos deputados, com a presença de muita gente vinda do sector empresarial e das profissões liberais a sentar-se nas cadeiras parlamentares.

Analisado o ato eleitoral, o que se seguirá?

Em França, ao contrário do que sucede na maioria dos parlamentos dos países da Europa, os grupos parlamentares não ficam automaticamente definidos após as eleições legislativas. Aqui, um pouco a exemplo do que se verifica no Parlamento Europeu, os deputados têm a facilidade de associar-se em diferentes grupos políticos, independentemente das forças partidárias por que foram eleitos. É certo que a maioria respeita a orientação do partido, mas há sempre lugar para uma ou outra dissidência. É, igualmente, frequente que deputados que se candidataram como independentes contra os respetivos partidos e são eleitos sejam perdoados por aqueles e acabem integrando as suas bancadas. Para constituir um grupo parlamentar, é necessário um mínimo de 15 deputados. Os que não conseguirem formar ou integrar qualquer agrupamento terão o estatuto de “não inscritos”. Cada grupo poderá declarar-se da maioria, de oposição ou não fazer qualquer declaração. A pertença a um agrupamento parlamentar é importante para os membros da Assembleia Nacional, pois, não apenas o respetivo presidente participa, obrigatoriamente, na conferência dos líderes, mas também porque o seu tempo de intervenção é diretamente proporcional à dimensão de cada grupo. Os “não inscritos” têm os seus direitos, mas menos possibilidades de intervir na arena parlamentar.

Os grupos políticos deverão estar formalizados na próxima 3ª feira, dia 27, na primeira sessão da nova Assembleia Nacional. Para já, fazemos um balanço do que já se sabe.

No seio da maioria presidencial, haverá dois: o da REM e o do MoDem. Muito provavelmente, os eleitos que referimos como sendo apoiantes do PR poderão integrar um desses grupos. É muito natural que o deputado da EELV e um dos ex-PS, Olivier Falorni (que, em 2012, enfrentou e derrotou Ségolène Royal) possam ser facilmente aceites no primeiro. Mais complicada é a situação do ex-primeiro-ministro, Manuel Valls. Apesar das suas “juras de amor” a Macron e ao seu movimento, este não aceitou a sua investidura como candidato, embora não lhe tenha oposto uma candidatura própria na sua circunscrição. No fundo, para o presidente e seus apoiantes, Valls é útil para minar o PS, mas constitui também um “ativo tóxico”, quer do ponto de vista eleitoral (era um dos rostos do “hollandismo”), quer político (tem um ego e uma ambição desmedidos). Entretanto, o MoDem pretende ter uma atuação autónoma face ao REM, algo que se acentuou após a minicrise ocorrida logo após as eleições e de que falaremos mais adiante.

À direita, teremos, igualmente, dois grupos, um dos quais configura uma cisão, de facto, no LR. Assim, 20 deputados do partido, liderados por Thierry Solère e autointitulados de “republicanos construtivos”, juntaram-se à UDI, com a pretensão de integrar a maioria presidencial. Defendem que o LR não deve definir-se como oposição, tanto porque o atual primeiro-ministro, Édouard Philippe, e outros membros do governo são provenientes das suas fileiras como pelo facto de apoiarem a generalidade das políticas defendidas por Macron. O grupo principal, designado como o dos “republicanos históricos”, que integra 92 eleitos do partido e dois aparentados entende que o LR, como maior partido da oposição, deve liderá-la.

Por sua vez, o PS conseguirá formar um grupo, eventualmente reforçado com os “apêndices” que acima referimos. Resta saber se o PRG continuará no grupo socialista ou se integrará o do MoDem como até aqui. A diferença é que, antes, o PRG tinha 12 membros contra dois dos centristas; agora, tem apenas três contra 42 daqueles. Entretanto, no PS, “afiam-se as facas”. Após a demissão do seu primeiro-secretário, Jean-Christophe Cambadélis, o partido é dirigido por um comité interino. A derrocada eleitoral foi profunda e as posições no seu seio estão bastante extremadas: a parte da ala direita que ainda não se passou para a maioria presidencial poderá ser tentada a criar um grupo autónomo ou, mesmo, a integrar o da REM. Mas, como a “constelação” PS e “compagnons de route” dispõe apenas de 38 parlamentares (35 sem o PRG), uma eventual cisão poderá não conseguir os 15 necessários para se autonomizar.

Entretanto, à esquerda, é já certa a existência de dois agrupamentos: o da FI e o da Esquerda Democrática Republicana (GDR – Gauche Démocratique Républicaine), encabeçado pelo PCF. Este último conseguiu juntar, aos 13 deputados acima referidos, o do movimento independentista da Martinica (MIM) e Stéphane Peu, membro do partido eleito nas listas da FI, na 2ª circunscrição de Seine-Saint-Denis, que decidiu integrar o grupo comunista, viabilizando a sua constituição. Por seu turno, o da FI contará com os restantes 16 eleitos e com o já referido deputado da Reunião, tendo Jean-Luc Mélenchon a liderá-lo. Apesar de não terem conseguido reagrupar-se, os dois grupos da esquerda manifestam vontade de estabelecer uma estreita cooperação na oposição ao “macronismo”.

Por fim, e para já, a FN, apenas com oito eleitos, não tem capacidade para formar um grupo político, mesmo que a esta se juntassem Dupont-Aignan (DLF) e Jacques Bompard (LdS). Contudo, Marine Le Pen ainda não desistiu de, a estes dois, conseguir captar os cinco parlamentares que lhe faltam para o efeito. E, com as divisões no seio do LR, poderá não ser missão impossível.

Como se pode ver, apesar de não ter conseguido a hipermaioria que se previa, a verdade é que Macron e seus apoiantes têm o domínio da principal câmara do Parlamento, não apenas por o seu partido, a REM, ter, sozinho, a maioria absoluta dos deputados, mas também por a oposição se encontrar desorientada e dividida. Para além dos seus aliados do MoDem, terá consigo o grupo da UDI e dos chamados “republicanos construtivos”, mais alguns independentes. Acresce, ainda, que, quer à direita como à esquerda, nas margens do LR e do PS, respetivamente, há ainda muitos deputados atraídos pelo “macronismo” triunfante. Assim, apenas terá oposição a sério da parte da esquerda (o grupo da FI e o da GDR, liderado pelo PCF) e da extrema-direita (FN e seus próximos), que, face à sua reduzida representação, pouco incomodarão o presidente e a sua maioria na arena parlamentar.

Porém, Macron pode vir a ter problemas com a sua própria maioria. O acordo com o MoDem foi assinado numa altura em que o atual presidente era apenas um candidato presidencial com algumas hipóteses de chegar à 2ª volta, mas ainda não favorito. O líder dos centristas, François Bayrou, tentara chegar à presidência em 2007 (onde obteve perto de 18% dos votos) e em 2012 (onde se ficou por metade dessa votação) e tinha algumas ambições para 2017. Contudo, vendo que a candidatura do atual chefe de Estado lhe entrava pelo seu espaço político adentro, optou por não avançar. Em troca, conseguiu um excelente acordo, em que garantia que, em 90 circunscrições (mais tarde, reduzidas a 76), o seu movimento En Marche! (que, após as presidenciais, se transformaria na REM) apoiaria os candidatos do MoDem. Dessas, em cerca de 45 haveria boas hipóteses de triunfar. Como dissemos acima, ao obter 42 lugares, o negócio rendeu bem a François Bayrou.

Entretanto, no 1º governo de Édouard Philippe, o partido centrista conseguiu várias pastas, tendo sido entregue ao líder do MoDem a da Justiça e à sua nº 2, Marielle de Sarnez, a dos Assuntos Europeus. Contudo, Macron sempre desconfiou das ambições de Bayrou e não quis ficar refém do seu partido. Com a maioria absoluta da REM (previsível logo na 1ª volta), esse cenário ficou afastado. É então que é dada a conhecer uma “oportuna” investigação do Parlamento Europeu acerca de eventuais irregularidades na contratação de funcionários do MoDem como assessores deste (algo que já havia atingido a FN antes das presidenciais). Face a estas notícias, Bayrou e seus companheiros abandonaram o executivo, embora se mantenham na maioria presidencial. Simultaneamente, e bem mais grave, vem a saber-se que um dos mais próximos do presidente, o seu ministro da Coesão Territorial, Richard Ferrand, um ex-socialista próximo de Valls, teria favorecido um empreendimento para a sua ex-mulher quando era conselheiro regional da Bretanha. Apesar de ter sido afastado do governo, foi nomeado presidente do grupo parlamentar da REM na Assembleia Nacional, algo que deixou desapontados muitos que acreditavam ser Macron o porta-estandarte de uma nova forma de fazer política.

Mas, para além dos problemas que lhe pode causar a gestão de uma maioria hipertrofiada e heterogénea, ainda para mais constituída por inúmeras pessoas com pouca experiência política, é o desfasamento entre a representação parlamentar e a vontade popular que mais engulhos lhe colocará, em especial quando tentar colocar em prática as suas regressivas reformas no domínio do trabalho. Se, no Parlamento, Macron terá facilmente a possibilidade de aprovar essa legislação, inclusive por decreto, através das chamadas ordonnances (autorizações legislativas que permitem ao executivo elaborar leis sem passarem pelo crivo parlamentar), terá forte oposição na rua.

Foi esse o sentido da intervenção de Mélenchon, logo após conhecer os resultados da 2ª volta. Considerando que tanto a elevada abstenção verificada como as distorções geradas pelo sistema maioritário a duas voltas colocam em questão a legitimidade da nova Assembleia Nacional, o líder da FI propôs a realização de um referendo sobre o novo Código de Trabalho, que reduz a contratação coletiva e coloca em causa a generalidade dos direitos laborais e sindicais. Algo que o poder não aceitará, pelo que se preveem tempos muito “quentes” em terras gaulesas a partir do próximo outono.

Simultaneamente, o sistema eleitoral ficou em xeque e, mesmo em alguns setores ligados à maioria presidencial, há quem defenda que se passe para um sistema proporcional com prémio maioritário, como na Itália e na Grécia, ou para um sistema misto, de voto paralelo, como em alguns países da Europa de leste. Não seria o ideal, mas seria melhor que o atual.

Em resumo, as presidenciais e as legislativas consagraram Macron como o novo homem forte de França. Mas, ao contrário do que se possa pensar olhando apenas para a correlação de forças no Parlamento, terá muitas dificuldades em impor as suas políticas. Cá estaremos para o constatar!...


Quadro 1

TRANSFERÊNCIA DE VOTOS ENTRE AS DUAS VOLTAS DAS LEGISLATIVAS (EM % DA VOTAÇÃO OBTIDA NA 1ª VOLTA)

 

EXD

FN

DLF

DVD

LR

UDI

MDM

REM

DIV

ECO

REG

DVG

PRG

PS

EELV

FI

PCF

EXG

A+B+N

EXD

8,0

0,1

0,1

0,1

0,1

0,1

0,0

0,0

0,1

0,0

0,0

0,0

0,0

0,1

0,0

0,1

0,1

0,1

0,0

FN

50,0

38,5

22,0

10,0

2,0

0,5

0,0

0,0

2,5

0,3

2,0

0,4

0,1

1,0

0,1

4,0

3,0

8,0

0,2

DLF

0,0

0,1

3,5

0,0

0,0

0,1

0,0

0,0

0,1

0,0

0,0

0,0

0,0

0,1

0,0

0,1

0,1

0,1

0,0

DVD

3,0

2,0

1,5

17,5

2,0

1,0

0,2

0,1

1,0

0,5

0,4

1,0

0,5

0,5

0,3

0,8

0,3

1,0

0,0

LR

7,0

33,5

33,5

24,0

63,0

0,0

1,0

0,5

13,0

3,5

3,5

2,5

5,0

4,0

1,5

10,0

9,0

0,4

0,2

UDI

0,5

1,0

1,0

0,8

0,0

54,0

1,0

0,5

1,0

1,5

1,0

1,0

1,5

0,7

0,5

2,5

2,0

0,2

0,0

MDM

0,2

0,7

1,0

5,0

3,0

6,0

74,0

0,0

4,0

3,0

1,0

2,0

4,0

3,5

3,0

2,5

1,0

0,2

0,1

REM

1,5

5,0

8,5

15,0

10,0

17,0

0,0

77,0

37,5

48,0

36,0

38,5

61,5

44,0

42,0

14,0

16,5

3,0

0,5

DIV

1,0

0,6

0,5

1,0

0,5

0,5

0,2

0,1

3,5

0,5

0,3

1,0

0,3

0,1

0,3

0,4

0,7

0,5

0,0

REG

0,0

0,0

0,0

0,1

0,1

0,1

0,1

0,1

0,3

0,5

21,0

0,2

0,2

0,2

0,2

3,0

0,1

0,4

0,0

DVG

0,1

0,3

0,2

1,0

0,4

0,2

0,1

0,3

1,0

4,0

3,0

12,5

4,0

0,5

3,0

4,0

1,0

4,0

0,0

PRG

0,0

0,1

0,1

0,2

0,1

0,1

0,1

0,1

0,5

0,1

0,3

1,0

2,5

0,0

0,3

1,5

0,1

0,0

0,0

PS

0,1

0,6

1,5

1,0

1,5

3,0

1,0

1,0

4,5

4,5

5,0

15,0

0,0

18,5

15,0

9,0

14,0

1,5

0,1

EELV

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

0,1

0,1

0,1

0,1

1,0

0,0

0,1

0,1

0,1

1,5

0,1

0,1

0,1

0,0

FI

0,3

3,0

0,5

0,2

0,2

0,2

0,1

0,1

0,8

0,5

2,0

0,5

0,2

2,0

2,0

20,0

27,0

16,5

0,1

PCF

0,3

0,5

0,1

0,1

0,1

0,1

0,1

0,1

0,1

0,1

0,5

0,3

0,1

0,7

0,5

5,0

5,0

10,0

0,0

A+B+N

28,0

14,0

26,0

24,0

17,0

17,0

22,0

20,0

30,0

32,0

24,0

24,0

20,0

24,0

30,0

23,0

20,0

54,0

98,8

TOTAL

100,0

100,0

100,0

100,0

100,0

100,0

100,0

100,0

100,0

100,0

100,0

100,0

100,0

100,0

100,0

100,0

100,0

100,0

100,0

 

NOTA: Este quadro deve ser lido por colunas. Estas mostram a penetração de um partido nos diversos eleitorados, em percentagem, relativamente à 1ª volta.
 


Quadro 2:

TRANSFERÊNCIA DE VOTOS ENTRE AS DUAS VOLTAS DAS LEGISLATIVAS (EM % DO Nº DE VOTOS OBTIDOS NA 1ª VOLTA)

 

EXD

FN

DLF

DVD

LR

UDI

MDM

REM

DIV

ECO

REG

DVG

PRG

PS

EELV

FI

PCF

EXG

A+B+N

TOTAL

FINAL

EXD

……..

……..

……..

……..

……..

X

X

0.0

……..

0.0

0.0

X

X

……..

0.0

……..

……..

……..

0.0

0,04

0,1

FN

0,1

2,4

0,1

0,1

0,2

……..

0,0

0,0

……..

……..

……..

……..

……..

……..

……..

0,2

……..

……..

0,1

3,36

8,7

DLF

X

……..

……..

X

X

……..

X

0.0

……..

0.0

X

0.0

X

……..

X

……..

……..

……..

0.0

0,04

0,1

DVD

0,0

0,2

……..

0,2

0,2

……..

0,0

……..

……..

……..

……..

……..

……..

……..

……..

……..

……..

……..

0,0

0,64

1,7

LR

……..

2,1

0,2

0,3

4,7

X

……..

0,1

0,1

……..

……..

……..

……..

0,1

……..

0,5

0,1

……..

0,1

8,55

22,2

UDI

0,0

0,1

……..

……..

X

0,8

……..

0,1

……..

……..

……..

……..

……..

……..

……..

0,1

……..

……..

0,0

1,17

3,0

MDM

……..

……..

……..

0,1

0,2

0,1

1,5

X

……..

……..

……..

……..

……..

0,1

0,1

0,1

……..

……..

……..

2,33

6,1

REM

……..

0,3

……..

0,2

0,7

0,2

X

10,4

0,4

0,2

0,2

0,3

0,1

1,6

0,7

0,7

0,2

……..

0,3

16,55

43,1

DIV

……..

……..

……..

……..

……..

……..

……..

……..

0,1

……..

……..

……..

……..

……..

……..

……..

……..

……..

0,0

0,21

0,5

REG

0,0

0,0

0,0

0,0

……..

……..

……..

……..

……..

……..

0,1

……..

……..

……..

……..

0,1

……..

……..

0,0

0,29

0,8

DVG

……..

……..

……..

……..

……..

……..

……..

……..

……..

……..

……..

0,1

……..

……..

0,1

0,2

……..

……..

0,0

0,56

1,4

PRG

0,0

……..

……..

0,0

……..

……..

……..

……..

……..

……..

……..

……..

……..

X

……..

0,1

……..

0,0

0,0

0,14

0,4

PS

0,0

……..

……..

……..

0,1

……..

……..

0,1

0,1

……..

……..

0,1

……..

0,7

0,2

0,5

0,2

……..

……..

2,18

5,7

EELV

X

0,0

0,0

0,0

0,0

……..

X

……..

……..

……..

X

X

X

……..

……..

……..

……..

……..

0,0

0,05

0,1

FI

……..

0,2

0,0

……..

……..

……..

……..

……..

……..

……..

……..

……..

……..

0,1

……..

1,1

0,3

0,1

……..

1,87

4,9

PCF

……..

……..

0,0

……..

……..

……..

……..

……..

……..

……..

……..

……..

……..

……..

……..

0,3

0,1

……..

0,0

0,46

1,2

A+B+N

……..

0,9

0,2

0,3

1,3

0,2

0,4

2,7

0,3

0,1

0,1

0,2

……..

0,8

0,5

1,2

0,3

0,2

51,8

61,56

 

TOTAL

0,14

6,29

0,56

1,31

7,51

1,44

1,96

13,44

1,05

0,43

0,43

0,76

0,22

3,54

1,63

5,25

1,29

0,37

52,38

100,00

100,00

FINAL

0,3

13,2

1,2

2,8

15,8

3,0

4,1

28,2

2,2

0,9

0,9

1,6

0,5

7,4

3,4

11,0

2,7

0,8

 

100,00

100,00

 

NOTAS:

1). Este é um quadro de dupla entrada, podendo ser lido e somado nas linhas (onde temos os resultados da 2ª volta) e nas colunas (onde temos os do 1º turno).

2). A designação “total” refere-se à percentagem referente ao nº de eleitores inscritos; por sua vez, “final” representa a percentagem de votos validamente expressos, excluindo brancos, nulos e abstenções.

3). As células a tracejado representam valores percentuais entre 0,01 e 0,04%.

4). As células assinaladas com “X” significa que não houve qualquer confronto entre essas forças políticas na 2ª volta.


Quadro 3:

CONFRONTOS NA 2ª VOLTA (VENCEDORES E VENCIDOS)

 

REM

MDM

LR

UDI

FN

FI

PS

PRG

EELV

PCF

DLF

DVD

DVG

DIV

REG

EXD

TOT

1ª VT

FINAL

REM

X

X

120,5

14

88,5

47

24

--------

1

1

--------

6

3

--------

1

--------

306

2

308

MDM

X

X

20

4

6

1

8

--------

--------

1

--------

1

1

--------

--------

--------

42

0

42

LR

80

14

X

X

7

--------

2

2

--------

--------

--------

2

1

3

1

--------

112

0

112

UDI

10

1

X

X

3

--------

1

--------

--------

--------

--------

1

--------

--------

1

--------

17

1

18

FN

4

4

--------

--------

X

--------

--------

--------

--------

--------

--------

--------

--------

--------

--------

--------

8

0

8

FI

16

--------

--------

--------

1

X

--------

--------

--------

--------

--------

--------

--------

--------

--------

--------

17

0

17

PS

21

--------

4

--------

1

1

X

X

--------

--------

--------

2

--------

1

--------

--------

30

0

30

PRG

1

--------

--------

--------

1

--------

X

X

--------

--------

--------

--------

--------

1

--------

--------

3

0

3

EELV

0

--------

1

--------

--------

--------

--------

--------

X

--------

--------

--------

--------

--------

--------

--------

1

0

1

PCF

8

--------

--------

--------

2

--------

--------

--------

--------

X

--------

--------

--------

--------

--------

--------

10

0

10

DLF

1

--------

--------

--------

--------

--------

--------

--------

--------

--------

X

--------

--------

--------

--------

--------

1

0

1

DVD

3

--------

--------

--------

1

--------

--------

--------

--------

--------

--------

2

--------

--------

--------

--------

6

0

6

DVG

2

1

3

--------

--------

1

--------

--------

--------

--------

--------

--------

2

1

1

--------

11

1

12

DIV

1

--------

1

--------

--------

--------

--------

--------

--------

--------

--------

1

--------

--------

--------

--------

3

0

3

REG

1

--------

3

--------

--------

--------

--------

--------

--------

--------

--------

1

--------

--------

--------

--------

5

0

5

EXD

1

--------

--------

--------

--------

--------

--------

--------

--------

--------

--------

--------

--------

--------

--------

--------

1

0

1

TOT

149

20

152,5

18

110,5

50

35

2

1

2

0

16

7

6

4

0

573

4

577

 

NOTAS:

1). Os valores das linhas representam o número de circunscrições que essa força política venceu e, consequentemente, o número de deputados que elegeu; os das colunas, aquelas onde foi derrotada na 2ª volta, com arredondamento à unidade superior, no caso do LR e da FN.

2). REM e MoDem, LR e UDI, PS e PRG concorreram em coligação, não tendo apresentado candidatos uns contra os outros. Por seu turno, FN e DLF, FI e PCF, PS-PRG e EELV estabeleceram acordos pontuais em algumas circunscrições. Também REM e MoDem não apresentaram candidatos contra figuras do PS, EELV, LR, UDI e alguns incluídos em DVG, DIV ou DVD que apoiam a maioria presidencial.

3). A extrema-esquerda (designada por EXG), constituída, principalmente, pelo NPA e pela LO, e alguns pequenos grupos ecologistas (ECO) não apuraram qualquer candidato para a 2ª volta.

4). Os 0,5 pontos resultam da existência de uma eleição triangular na 1ª circunscrição de Aube, ganha pela REM, seguida do LR e da FN, respetivamente.