Mario Draghi entregou esta segunda-feira o resultado do trabalho que lhe foi encomendado pela Comissão Europeia: o de definir propostas para tornar a economia europeia mais competitiva Na apresentação do relatório sobre o “Futuro da Competitividade Europeia”, Draghi traçou um retrato da “agonia lenta” que a economia do bloco europeu tem revelado face à concorrência dos EUA e da China.
E entre as receitas estão medidas que requerem políticas coordenadas em vez de cada Estado agir isoladamente, o que no atual panorama político com divisões acerca dos grandes temas do relatório - descarbonização, modelo social e segurança - não parece ter grande viabilidade.
A eurodeputada bloquista reagiu à apresentação de Draghi considerando que “o mínimo que se pode dizer é que o relatório é uma enorme desilusão” face à grande expetativa que o rodeava.
“Mario Draghi junta às prioridades que a União já vinha propondo uma terceira, que passa a primeira: a guerra. A Comissão quer gastar 500 mil milhões de euros na Defesa. Draghi, baseando-se nos números da Comissão, quer 800 mil milhões para tudo. A fatia esmagadora desse dinheiro é para entregar aos privados”, resumiu Catarina Martins.
Outro aspeto em que Draghi a esquerda europeia não estão de acordo é que o ex-ministro italiano “defende que a emissão de dívida europeia deve ter como contrapartida um aperto ainda maior nas contas nacionais”, prosseguiu Catarina, concluindo que se trata de “centralizar o investimento à escala europeia e cortar à escala nacional, ou seja, menos instrumentos para cada país promover o seu desenvolvimento”.
Com esta aposta na centralização, na entrega aos privados e na prioridade à defesa, “tudo isto aponta para que sejam a Alemanha e a França a ganhar mais uma vez, enquanto os outros países perdem ainda mais margem”, prevê a eurodeputada do Bloco antes de rematar que “Draghi olhou para o passado recente da Europa, mas não aprendeu”.