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Regulador da publicidade britânico suspende anúncio da Lufthansa por greenwashing

O organismo considerou que o anúncio dava uma “impressão enganosa do impacto ambiental” da atividade da transportadora aérea. Já na Irlanda, vários cientistas apresentaram uma queixa no mesmo sentido depois de terem descoberto que os sacos de chá “biodegradáveis” da Tesco não se desfaziam no solo passado um ano.
Avião da Lufhansa. Foto de Mike W./Flickr.
Avião da Lufhansa. Foto de Mike W./Flickr.

Depois dos anúncios da Lipton, do Persil, da Oatley, da Ryanair, da HSBC, da Esso e da Shell, chegou a vez dos da companhia aérea alemã Lufthansa serem banidos pela agência britânica que supervisiona o setor da publicidade. Em todos os casos, a Advertising Standards Authority (ASA) considerou que havia alegações que enganavam os consumidores acerca do impacto ambiental das suas atividades.

A reguladora continua assim a apertar o controlo sobre a prática do “greenwashing” na publicidade. Em questão, no caso da Lufthansa, está um anúncio com um avião e uma imagem do planeta junto com a frase: “ligando o mundo. Protegendo o seu futuro”. A avaliação foi que isto dava uma “impressão enganosa do seu impacto ambiental”. A empresa respondeu ser uma frase “aberta à interpretação” e que os consumidores não a iriam ler como uma “promessa absoluta” mas como uma aspiração.

A ASA contrapõe que no anúncio fica pressuposto que a Lufthansa tomou “passos significativos para a mitigação” dos efeitos das suas emissões de forma a alcançar o compromisso de zero. Sublinha-se que “muitas destas iniciativas” apenas terão resultados daqui a “anos ou décadas” e que “atualmente não há iniciativas ambientais ou tecnologias viáveis comercialmente na indústria da aviação que fundamentassem a reivindicação verde absoluta “protegendo o seu futuro”, como considerámos que os consumidores a interpretariam”.

Os sacos de chá “biodegradáveis” que não se desfazem

Nesta semana, uma outra empresa está também a braços com um regulador por acusação de greenwashing. Neste caso a Tesco com a Competition and Consumer Protection Commission irlandesa.

O caso nasceu, explica o Guardian, depois de uma investigadora da Escola de Ciências Biológicas, da Terra e Ambientais do University College Cork, Alicia Mateos-Cárdenas, ter decidido investigar se os sacos de chá daquela empresa eram tão biodegradáveis quanto o anunciado. A experiência passou por enterrar 16 sacos de chá no solo durante um ano para depois analisar o que acontecia. Permaneceram intactos durante todo este período. A razão, considera-se, está no bioplástico utilizado o PLA, ácido polilático. A cientista juntou-se depois a dois colegas que apresentaram queixa à CCPC.

A Tesco responde àquele jornal britânico que a embalagem esclarece que os sacos de chá não devem ser depositados no solo e não são adequados para compostagem caseira. Apenas para compostagem industrial. Os investigadores respondem que, assim sendo, a empresa deveria mudar a sua informação de “biodegradável” para “compostável”. Não o fazer, defendem, é insistir no greenwashing, é “não só falso, mas também enganoso e infundado”, violando a legislação de proteção de consumidores da Irlanda e da União Europeia.

A investigação vem na sequência de uma outra, de Mark Miodownik do University College London, que descobriu que a maioria dos plásticos anunciados com “compostáveis domesticamente” não o são. 60% deles não se desfazia após seis meses. Sobre esta nova investigação, diz que “não me surpreendeu”. Defendendo que “se o produto se mantém durante anos antes de se biodegradar, o que é a realidade de muitos produtos rotulados de biodegradáveis, são parte do problema, não da solução”.

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