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Regulador da publicidade britânico suspende anúncio da Lufthansa por greenwashing

Depois dos anúncios da Lipton, do Persil, da Oatley, da Ryanair, da HSBC, da Esso e da Shell, chegou a vez dos da companhia aérea alemã Lufthansa serem banidos pela agência britânica que supervisiona o setor da publicidade. Em todos os casos, a Advertising Standards Authority (ASA) considerou que havia alegações que enganavam os consumidores acerca do impacto ambiental das suas atividades.
A reguladora continua assim a apertar o controlo sobre a prática do “greenwashing” na publicidade. Em questão, no caso da Lufthansa, está um anúncio com um avião e uma imagem do planeta junto com a frase: “ligando o mundo. Protegendo o seu futuro”. A avaliação foi que isto dava uma “impressão enganosa do seu impacto ambiental”. A empresa respondeu ser uma frase “aberta à interpretação” e que os consumidores não a iriam ler como uma “promessa absoluta” mas como uma aspiração.
A ASA contrapõe que no anúncio fica pressuposto que a Lufthansa tomou “passos significativos para a mitigação” dos efeitos das suas emissões de forma a alcançar o compromisso de zero. Sublinha-se que “muitas destas iniciativas” apenas terão resultados daqui a “anos ou décadas” e que “atualmente não há iniciativas ambientais ou tecnologias viáveis comercialmente na indústria da aviação que fundamentassem a reivindicação verde absoluta “protegendo o seu futuro”, como considerámos que os consumidores a interpretariam”.
Os sacos de chá “biodegradáveis” que não se desfazem
Nesta semana, uma outra empresa está também a braços com um regulador por acusação de greenwashing. Neste caso a Tesco com a Competition and Consumer Protection Commission irlandesa.
O caso nasceu, explica o Guardian, depois de uma investigadora da Escola de Ciências Biológicas, da Terra e Ambientais do University College Cork, Alicia Mateos-Cárdenas, ter decidido investigar se os sacos de chá daquela empresa eram tão biodegradáveis quanto o anunciado. A experiência passou por enterrar 16 sacos de chá no solo durante um ano para depois analisar o que acontecia. Permaneceram intactos durante todo este período. A razão, considera-se, está no bioplástico utilizado o PLA, ácido polilático. A cientista juntou-se depois a dois colegas que apresentaram queixa à CCPC.
A Tesco responde àquele jornal britânico que a embalagem esclarece que os sacos de chá não devem ser depositados no solo e não são adequados para compostagem caseira. Apenas para compostagem industrial. Os investigadores respondem que, assim sendo, a empresa deveria mudar a sua informação de “biodegradável” para “compostável”. Não o fazer, defendem, é insistir no greenwashing, é “não só falso, mas também enganoso e infundado”, violando a legislação de proteção de consumidores da Irlanda e da União Europeia.
A investigação vem na sequência de uma outra, de Mark Miodownik do University College London, que descobriu que a maioria dos plásticos anunciados com “compostáveis domesticamente” não o são. 60% deles não se desfazia após seis meses. Sobre esta nova investigação, diz que “não me surpreendeu”. Defendendo que “se o produto se mantém durante anos antes de se biodegradar, o que é a realidade de muitos produtos rotulados de biodegradáveis, são parte do problema, não da solução”.
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