Está aqui

Região do Mediterrâneo aquece mais rápido que a média mundial

Um relatório científico sobre os efeitos do aquecimento global na zona do Mediterrâneo concluiu que este aquece 20% mais depressa do que a média global. Secas, falta de água potável e aumento do nível do mar afetarão 500 mil pessoas nesta região.
Mediterrâneo.
Mediterrâneo. Foto de Indra Galbo/Flickr.

Enquanto a média da subida de temperatura global foi de 1,1 graus em relação ao período pré-industrial, na zona do Mediterrâneo esta subida atingiu os 1,5 graus, um ritmo 20% mais rápido. Se as medidas para reduzir os gazes com efeito de estufa não se intensificaram ainda mais do que o previsto, em 2040 o aumento de temperaturas no Mediterrâneo será de 2,2 graus no conjunto da região e pode chegar aos 3,8 em algumas partes no ano de 2100.

Estas estimativas fazem parte de um estudo apresentado esta quinta-feira em Barcelona num encontro da União para o Mediterrâneo que junta os países da região. O estudo Riscos Associados às alterações climáticas e alterações do meio ambiente na região mediterrânica foi elaborado durante quatro anos por 80 cientistas da rede Mediterranean Experts on Climate and Environmental Change , coordenados por Wolfgang Cramer, diretor científico do Instituto de Biodiversidade e Ecologia do Mediterrâneo. Este especialista, em declarações ao jornal El País, considera que a crise climática atinge esta zona do mundo de “maneira mais dura do que outras partes” e que esta é marcada por uma forte vulnerabilidade da população que “vive muito próxima do mar e também porque é muito pobre e tem poucas opções para proteger-se ou afastar-se.”

As consequências deste aquecimento são detalhadas ao longo do estudo. Aumento da temperatura, ondas de calor mais intensas, secas extremas tornar-se-ão mais frequentes.Em 2100 o nível do mar terá subido um metro, afetando um terço da população costeira do Mediterrâneo. Esta subida implicará a salinização dos terrenos agrícolas.

O acesso a água doce diminuirá atingindo dentro de vinte anos 250 milhões de pessoas da zona que terão menos de mil metros cúbicos por pessoa ao ano com impactos fortes na saúde e segurança alimentar.

Também a qualidade do ar, dos solos e da água serão afetados pela poluição com todas as consequências que daqui advêm.

Para além dos seres humanos “muitos dos ecossistemas estão ameaçados pelas alterações climáticas, as alterações dos usos do solo, a contaminação e a sobre-exploração”. A acidificação da água do mar e o aumento da temperatura das águas nos mares levarão ao desaparecimento de 41% dos principais predadores marítimos, à proliferação de pragas de medusas, à invasão de mosquitos tigre, entre outras.

Termos relacionados Ambiente
(...)