A campanha 1:12, que esteve na origem desta pergunta no referendo, trouxe ao debate o aumento da disparidade salarial num país onde essas diferenças aumentaram bastante nos últimos anos. Hoje em média um administrador ganha 73 vezes mais que o trabalhador com menor salário na mesma empresa. A proposta impulsionada pela Juventude Socialista e apoiada pelos sindicatos para travar os salários milionários não colheu o apoio de dois terços dos 53% de eleitores suíços que se deslocaram às urnas.
“Estamos desapontados com esta derrota. Os nossos adversários usaram táticas para amedrontar as pessoas. Mas a nossa luta continuará contra os salários milionários e a injustiça de um sistema salarial que não tem futuro. Conseguimos mobilizar muitas pessoas e lançar um amplo debate”, declarou o presidente dos jovens socialistas, David Roth, ao Swiss Info.
Um dos argumentos usados na campanha, de que o corte nos salários milionários iria não apenas prejudicar a economia suíça como pôr em causa o sistema de segurança social, foi repetido este domingo pelo presidente da associação de PME’s Ilrich Bigler, enquanto o chefe do maior lóbi empresarial Economiesuisse, Heinz Karrer, declarou que “os eleitores decidiram que não querem a interferência do Estado na definição dos salários”.
Em sintonia com as declarações do lóbista, o ministro da Economia Johan Schneider-Amman também disse esperar que no referendo do próximo ano, proposto pela Federação dos Sindicatos para introduzir o salário mínimo na Suíça, o resultado seja o mesmo, com os eleitores a rejeitarem a intervenção do Estado. Para os beneficiários dos salários milionários, Schneider-Amman deixou apenas um aviso: “Eles têm de compreender que a coesão social não pode ser posta em risco”, referindo-se à insatisfação social revelada nas últimas semanas com a disparidade nas remunerações.
Tal como a iniciativa “1:12”, rejeitada por 65,3% dos votos, também as restantes perguntas do referendo mereceram resposta negativa dos votantes. A proposta para garantir deduções fiscais às famílias que eduquem os filhos em casa foi rejeitada por 58,5% e a proposta para aumentar o preço das portagens teve a reprovação de 60,5% dos votantes.