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Randstad persegue e afasta dirigentes sindicais, diz sindicato dos call centers

No call center da Concentrix, em Braga, todos os dirigentes e delegados sindicais foram afastados: um por despedimento, outros três através de uma suspensão. Os restantes trabalhadores fizeram greve esta segunda-feira em solidariedade. Falam num clima em que há “perseguição sindical”.
Foto do Sindicato dos Trabalhadores dos Call Centers. Facebook.

A Randstad alegou violação do “dever de confidencialidade” para afastar quatro dirigentes sindicais do Sindicato dos Call Centers do seu trabalho na Concentrix em Braga. Um dos sindicalistas foi despedido, os restantes três suspensos.

Na empresa os processos disciplinares foram recebidos com contestação. Esta segunda-feira foi dia de greve em solidariedade para com os trabalhadores que dizem estar a ser perseguidos. Cerca de quatro dezenas de trabalhadores concentraram-se também em frente ao seu local de trabalho, junto à entrada da estação ferroviária de Braga.

A faixa do Sindicato de Trabalhadores de Call Center dizia sem margem de dúvidas ao que vinham: “atacam o sindicato hoje para te roubar amanhã.” Nuno Geraldes, Ângela Lima, Freddy Fernández e Pedro Monteiro, os visados pela Randstad, dirigentes e delegados sindicais, marcaram igualmente presença.

Ao jornal Público, Nuno Geraldes contou como foi despedido em dezembro de 2019. Antes, em julho tinha recebido uma proposta de rescisão amigável mais de três vezes superior ao que tinha direito: “propuseram-me 35.000 euros, quando nem a 10.000 tinha direito. Também fizeram uma proposta acima dos valores à Ângela.” Um dia depois da recusa foi suspenso até que, depois, foi efetivado o despedimento. Só que tudo começou muito antes quando os sindicalistas denunciaram um caso de assédio, alegam.

O dirigente do STCC não tem dúvidas sobre o que se passou: “isto é perseguição sindical, com certeza. Eles querem-nos fora dali e já fizeram reuniões com outros trabalhadores para lhes explicar que púnhamos em risco os seus postos de trabalho” afirmou ao mesmo jornal.

À Lusa adiantou que não é uma exceção. Tem havido “perseguição” e “um clima de medo entre os trabalhadores ao longo da última semana”. Geraldes informa que a administração fez reuniões “que fomentaram esse medo” e onde se “têm difamado os sindicalistas visados e o sindicato”.

O dirigente do STCC exemplifica a atitude da empresa com o que se passou no dia da greve. Tiveram que chamar a PSP ao local do protesto, uma vez que a administração do edifício recusou deixar entrar os trabalhadores como manda a lei.

O sindicato exige a reintegração dos trabalhadores afetados sem perda de direitos. Para além disso, corre um processo para contestar o despedimento de Nuno Geraldes, uma vez que a sua suspensão preventiva ultrapassou os trinta dias previstos no Código de Trabalho, tornando o despedimento ilícito.

Para além da via judicial, o processo de luta continua na próxima quinta-feira em Lisboa. Pelas 15.30 está prevista a realização de uma concentração de protesto em frente à sede da Randstad na Avenida da República, a multinacional holandesa é que apresentada pelo STCC como sendo o terceiro maior empregador nacional, contando com 30 mil trabalhadores.

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