Quercus revela “enorme preocupação” sobre o concurso para prospeção de lítio

29 de dezembro 2019 - 15:28

A associação ambientalista lançou este domingo um comunicado no qual critica a decisão do governo de avançar com um concurso para a prospeção de lítio no país. A Quercus considera que o governo utiliza “argumentos errados”.

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Protesto contra as minas de lítio. Setembro de 2019. Foto de Movimento Anti-Lítio de Braga.
Protesto contra as minas de lítio. Setembro de 2019. Foto de Movimento Anti-Lítio de Braga.

A Quercus pensa que o país não tem reservas de lítio “em quantidades tão significativas quanto o Governo diz possuir” e que, por isso, o seu modelo de exploração é “insustentável”. Segundo os ambientalistas, que citam o Serviço Geológico dos Estados Unidos, a Bolívia possui 150 vezes mais reservas de lítio que Portugal (9.000.000 toneladas), o Chile 125 vezes mais (7.500.000) e a China 53 vezes mais (3.200.000). As reservas nacionais são apenas 60.000 toneladas “o que configura uma ordem de grandeza muito inferior aos restantes países avaliados”.

Daí que conclua que o anúncio feito no passado sábado pelo ministro do Ambiente “é no entender da Quercus, reflexo de uma intenção do Governo que tem por base argumentos errados e que não correspondem à realidade do contexto internacional”. Assim, a associação de defesa do ambiente manifesta “enorme preocupação” sobre este processo.

A Quercus salienta ainda que “não faz sentido o Governo continuar a insistir no modelo de autorização de licenças de prospeção de lítio em Portugal, colocando em causa o património ambiental, ecológico e a biodiversidade das regiões que atualmente estão a ser alvo desta intenção”.

De acordo com os ecologistas seria preciso “reavaliar todo este projeto de exploração insustentável” começando por “por termo ao modelo de exploração de lítio” que se está a tentar fomentar.

A organização acrescenta uma outra justificação à sua oposição ao avanço do concurso por parte do governo. Diz que o principal argumento para a instalação de minas em lítio, que era que desta dependeria a construção de uma refinaria de hidróxido de lítio perto dos locais de exploração, não faz sentido. Recordando que no mês passado o Grupo Metalúrgico Avançado anunciou a construção de uma refinaria de hidróxido de lítio para processar o produto de forma a ser utilizado na construção de baterias de carros elétricos em Zeitz, na Alemanha, que estará em funcionamento dentro dois a três anos. A Quercus pensa que isto demonstra “que o Governo de Portugal está profundamente errado quando faz depender a oportunidade de uma refinaria de lítio em Portugal da instalação e exploração de minas de lítio em território nacional”.