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Queda do salário médio este ano é a maior desde o tempo da troika

Os salários médios em Portugal podem cair 2,8%, segundo as previsões mais adversas do Banco de Portugal sobre a inflação.
Manifestação do 1º de Maio da CGTP. Foto de Ana Mendes

O aumento da inflação previsto para este ano vai corroer a subida nominal dos salários e provocar uma queda no salário médio real dos trabalhadores em Portugal. Segundo o semanário Expresso, a previsão do Governo de 3,7% de aumento na média anual do Índice de Preços ao Consumidor provocaria uma queda de 0,6% no salário médio real. Mas se a realidade corresponder à previsão mais adversa do Banco de Portugal, uma inflação de 5,9%, então essa queda atingirá os 2,8%. Em ambos os casos, trata-se da maior queda desde os tempos da troika, encerrando o ciclo de recuperação do salário real desde 2015.

Afastada ficará também a promessa eleitoral do PS - repetida no 1º de Maio por António Costa - de aproximar o peso da fatia dos saários do PIB em relação à média europeia. De acordo com as projeções inscritas pelo Governo no Orçamento do Estado, o peso dos salários no PIB irá cair dos 48,8% registados pelo Eurostat em 2021 para 47,4% este ano. Na Assembleia da República, em resposta ao deputado bloquista José Soeiro esta semana, a ministra Mariana Vieira da Silva já tinha reconhecido o "recuo" nesta promessa eleitoral.

Inflação de 7,2% em abril já atinge serviços e rendas de casa

O Boletim Económico de maio do Banco de Portugal, citado pelo Diário de Notícias, sublinha que a subida de preços já não está confinada aos setores da energia ou das matérias-primas e está "a transmitir-se aos preços das componentes tipicamente mais estáveis" de outros bens e serviços, incluindo as rendas de casa, serviços de educação e saúde ou restaurantes e cafés.

A inflação em abril registada pelo Istituto Nacional de Estatística acelerou para os 7,2%, o valor mais elevado desde março de 1993. No setor da energia, é preciso recuar a maio de 1985 para assistir a uma taxa de variação homóloga tão elevada, acrescenta o INE.

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