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Profissionais de saúde criticam falta de coordenação na região de Lisboa e Vale do Tejo

Profissionais de saúde da região de Lisboa e Vale do Tejo pedem mais comunicação entre as autoridades competentes no combate à covid-19. Hospitais Amadora-Sintra e Loures são os mais afetados pelo aumento dos contágios.
Hospital
Foto de Paulete Matos

Segundo o Público, a preocupação das autoridades de saúde por causa da propagação da covid-19 são os concelhos de Lisboa, Odivelas, Loures, Amadora e Sintra e em especial, os hospitais Amadora-Sintra e Loures que estão a passar por sérias dificuldades. O grande aumento de contágios já obrigou estes hospitais a transferir doentes para outras unidades hospitalares. 

A falta de coordenação e comunicação entre as autoridades competentes no combate à covid-19 na região de Lisboa e Vale do Tejo são as principais críticas apontadas pelos profissionais de saúde. 

Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, em comunicado, refere que “é urgente antecipar e não correr atrás do prejuízo, o que implica ter a humildade de ouvir os profissionais de saúde agora, como foi feito no início” e aponta falhas à autoridade nacional de saúde porque mostrou “incapacidade de antecipação”. 

O presidente da secção sul da Ordem dos Médicos, Alexandre Valentim Lourenço, disse ao Público que “há muito tempo que a Ordem dos Médicos não é chamada para uma reunião”.  E a diretora do serviço de infeciologia do Hospital Fernando da Fonseca, Patrícia Pacheco, diz que a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) não realizou nenhuma reunião com as autoridades competentes envolvidas no combate à pandemia. 

Os dois hospitais que mais pressionados pela pandemia da covid-19 são o Amadora-Sintra e Loures. O Amadora-Sintra contava, este sábado, com 72 doentes em enfermaria e 10 na Unidade de Cuidados Intensivos. Patrícia Pacheco afirma que “não pode existir uma resposta centrada em hospitais que não eram de primeira linha, que não têm recursos humanos nem espaço para assumir mais do que estão a fazer. Fazia sentido sentar na mesma mesa os diferentes intervenientes para elaborar uma tentativa de resposta mais centralizada, mais fácil. Estamos todos juntos no barco e a resposta tem de ser global, integrada e participativa”. 

Para além disto, frisa que “além de se pensar o momento actual, é preciso pensar como vamos prestar os cuidados de saúde e de como vamos viver o coronavírus nos próximos dois anos”. Para Patrícia Pacheco, relativamente aos hospitais, é preciso criar “um comando estruturado para agilizar e programar”. 

Artur Vaz, administrador do Hospital de Loures, também critica a falta de coordenação no combate à covid-19, já que “mais do que uma reunião conjunta com os hospitais, gostava que a ARS pensasse num plano de resposta para a região e desse indicações para o trabalho em rede”. O hospital de Loures contava este sábado com 59 doentes internados por causa da covid-19 e sete em cuidados intensivos. 

Por sua parte, Fernando Maltez, diretor do serviço de infeciologia do Hospital Curry Cabral, também refere que nunca foi convocado para nenhuma reunião promovida pela ARS. 

A ARSLVT diz que está a acompanhar a situação “de forma sistemática e permanente” dos vários hospitais da região. Ainda informa que “ocorreram reuniões/teleconferências periódicas com os conselhos de administração”. Sobre os hospitais mais prejudicados, refere que “a situação é bastante dinâmica, pelo que as respostas vão sendo adaptada à realidade epidemiológica”.

Na região da Grande Lisboa, 20 profissionais de saúde foram reforçar as equipas de saúde pública em Odivelas, Loures, Amadora e Sintra nas últimas semanas. O Ministério da Saúde informa ainda que se prevê o reforço de mais 10 profissionais de saúde já esta semana e “está em curso um reforço de cerca de 80 médicos internos, provenientes do Insa [Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge] e de vários hospitais, em especial para trabalho em part-time, e estão ainda em formação cerca de 40 internos de saúde pública”. 

 
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