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Presidente de extrema-direita do Brasil discursa no Fórum de Davos

Bolsonaro mascara de neutralidade as suas propostas políticas e diz que o Brasil procura negócios “sem viés ideológico”. É a primeira vez que discursa num evento internacional após as eleições.
Fotografia: commons/wikimedia.org
Fotografia: commons/wikimedia.org

O Fórum de Davos começa esta terça-feira e termina na sexta-feira, dia 25, reunindo líderes políticos mundiais, banqueiros e investidores, tendo por base o objetivo de construir uma agenda económica, regional e industrial em comum. Reunindo cerca de 250 membros do G20 (grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo), este ano, o encontro subordina-se ao tema “Globalização 4.0: Moldando uma arquitetura global na era da quarta revolução industrial”, havendo discussões sobre a guerra comercial, tensões políticas e o Brexit. Entre as ausências, contam-se Trump, Xi Jinping, May e Macron.

No contexto de preocupações sobre as relações comerciais entre as principais potências económicas do mundo e de diversas tensões políticas, o texto de apresentação do Fórum destaca que a reunião será promovida num “contexto de incertezas, fragilidades e controvérsias sem precedentes”.

Ao desembarcar em Davos esta segunda-feira, Bolsonaro disse aos jornalistas que o seu discurso seria “muito curto” e “objetivo”, de forma a dizer apenas que o Brasil procura negócios “sem viés ideológico”. Aliás, a tentativa de neutralizar a sua própria ideologia, transformando-a no padrão em relação ao qual são feitos os desvios, já é uma estratégia usada por Bolsonaro há vários anos.

O presidente de extema-direita afirmou ainda que quer mostrar que o seu governo está a adotar medidas para recuperar a “confiança” no Brasil, de forma a que este seja um “país seguro para investimentos”. O discurso a ser feito, marcado para as 12h30 de Brasília, terá sido “corrigido por vários ministros” de forma a que fosse dado “o recado mais amplo possível sobre o novo Brasil que se apresenta com a nossa chegada ao poder”.

Mesmo depois de ter votado pelo impeachment de Dilma – afirmando fazê-lo pela “memória de Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Roussef”, que, durante a ditadura militar brasileira, torturou a ex-presidente, afastada do Planalto na sequência de um golpe em prol de Michel Temer –, afirma pretender usar a viagem à Suíça para “defender a democracia”.

Bolsonaro é o quinto presidente a participar neste fórum desde 1998, após Fernando Henrique Cardoso (1998), Lula da Silva (2003, 2005 e 2007), Dilma Rousseff (2014) e Michel Temer (2018).

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