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Portugal receberá menos de metade das vacinas previstas este trimestre

Ao contrário das 4,4 milhões de doses previstas para serem entregues até ao final do primeiro trimestre, Portugal irá receber apenas menos de metade, 1.98 milhões.
A confirmação foi feita esta quinta-feira pelo primeiro-ministro António Costa, em conferência de imprensa. A mesma informação já tinha sido avançada no início da semana pelo líder da task-force para a vacinação, o Almirante Gouveia e Melo, mas só agora foi confirmada pelo Governo.
O primeiro impacto desta redução de vacinas será o atraso na vacinação de mais um milhão de portugueses. Deveriam estar imunizadas cerca de 2 milhões de pessoas até ao final do primeiro trimestre de 2021, passando agora a metade desse número.
Na conferência de imprensa, António Costa, citado pelo Jornal de Negócios, refere que "o problema não é de distribuição nem de falta de recursos para administrar a vacina. Está a montante, é a produção".
De acordo com o jornal Público a maior parte das vacinas administradas durante o primeiro trimestre serão da BioNTech/Pfizer (cerca de 1,3 milhões), estando ainda prevista a chegada de 227 mil doses da Moderna. As restantes vacinas devem ser da farmacêutica AstraZeneca/Oxford, autorizada recentemente pela Agência Europeia do Medicamento, e cujo primeiro lote de 43.200 vacinas chegou no domingo passado.
Depois de um período em que o SNS vacinou acima da média europeia, nos últimos dias a escassez de vacinas em stock atingiu Portugal de tal forma que o ritmo diário decresceu para o nível observado a 12 de Janeiro.
Doses de vacina contra a covid-19 administradas diariamente (média por cem habitantes)
Apesar de ter a presidência do Conselho Europeu, o governo descarta qualquer responsabilidade no processo. Recorde-se que a Comissão Europeia tem estado sob pressão com a escassez de vacinas, com dificuldades em garantir o cumprimento dos contratos por parte das empresas fornecedoras e alvo de criticas até por parte de estados-membros. Esta semana Ursula von der Leyen foi ao Parlamento Europeu reconhecer erros no processo, colocando de parte, no entanto, qualquer discussão sobre patentes, lançada por alguns deputados europeus.
Recorde-se que no período de conflito mais intenso entre a Comissão, o governo britânico e a empresa Astrazeneca, o Presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, colocou mesmo a hipótese de acionar o artigo 122º do Tratado de Funcionamento da União para a quebra de patentes. O modelo de produção privada da vacina tem sido bastante questionado, sendo que para já não se vislumbra disponibilidade de autoridades portuguesas ou europeias para avançar para essa solução.
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