Portugal é o país com menor crescimento salarial depois da troika

03 de agosto 2018 - 16:02

Além do baixo crescimento salarial, Portugal apresenta uma maioria de novas contratações em setores com perfis de baixas qualificações, maior precariedade e salários abaixo da média.

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Portugal é o país com menor crescimento salarial depois da troika
Foto de Paulete Matos.

A informação é do Fundo Monetário Internacional (FMI) e diz que a economia portuguesa é aquela que tem os custos laborais mais baixos no conjunto dos países que foram submetidos a programas de ajustamento na sequência da crise financeira e da dívida. O FMI salienta inclusive que, com a retoma iniciada em 2017, Portugal ainda não observou uma total recuperação nesse sentido.

Esta informação surge no relatório anual (artigo IV) do FMI sobre a Grécia, divulgado nesta semana, e mostra que todos os quatro países em causa - Portugal, Grécia, Irlanda e Espanha - reduziram de forma muito pronunciada os custos unitários do trabalho (custo por trabalhador), particularmente entre 2014 e 2016, com descidas na ordem dos 10% ou 15%.

O Jornal de Notícias dá a conhecer que, no caso português, os custos laborais unitários terão caído cerca de 15% desde 2014, o último ano do programa de ajustamento. Em 2017, voltaram a subir ligeiramente (menos de 2% em termos nominais), não se prevendo uma aceleração.

Também a Comissão Europeia considera que "é provável que o aumento do salário médio da economia como um todo seja parcialmente compensado por uma forte criação de emprego em atividades com salários abaixo da média". Justificam tal cenário afirmando que "a maioria das novas contratações têm acontecido em setores com perfis de baixas qualificações e salários abaixo da média", uma vez que o crescimento de emprego em Portugal está "particularmente relacionado com o turismo, a construção e a indústria".

Além disso, a Comissão Europeia prevê que os custos unitários do trabalho portugueses tenham uma evolução relativamente fraca em 2018 e 2019. Mesmo considerando os aumentos do salário mínimo e a política da reposição de rendimentos dos últimos anos, esses custos, embora subam, estão em desaceleração outra vez.

Bruxelas lembra também que "apesar do aumento significativo no número de empregos permanentes em 2017, a proporção de empregados temporários permaneceu estável em 22%, um dos níveis mais altos da União Europeia".