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Portugal com segundo maior aumento dos preços das casas na Zona Euro

No terceiro trimestre de 2017, os preços subiram 10,4%. A pressão exercida pela atividade turística e a atração de investidores e especuladores nacionais e internacionais, com capacidade de investimento impossível de acompanhar pela grande maioria dos atuais residentes, ditam esta subida.

De acordo com o Eurostat, os preços das habitações aumentaram, no terceiro trimestre de 2017, 4,1% na Zona Euro e 4,6% na União Europeia (UE), em comparação com o mesmo período de 2016. Portugal registou a terceira maior subida, de 10,4%, entre os Estados-membros. A República Checa liderou a tabela, com 12,3%.

Já no que respeita à Zona Euro, somente a Irlanda ultrapassou Portugal, com um aumento de 12%.

Os dados, divulgados esta quinta-feira, correspondem ao que o Instituto Nacional de Estatísticas (INE) já tinha divulgado em dezembro, com o terceiro trimestre do ano a traduzir-se no 16.º aumento trimestral consecutivo. 

A subida dos preços das casas em Portugal não tem precedentes nos registos quer do INE, quer do Eurostat, que têm dados desde o primeiro trimestre de 2009.

A par dos preços, também as vendas têm crescido a um ritmo de dois dígitos.


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Esta dinâmica tem sido fortemente influenciada pela pressão exercida pela atividade turística, nomeadamente através do redirecionamento da oferta imobiliária para a habitação temporária, e pela atração de investidores e especuladores nacionais e internacionais, com capacidade de investimento impossível de acompanhar pela grande maioria dos atuais residentes.

O regime de residentes não habituais, os chamados “reformados Gold”, criado pelo Governo PSD/CDS, e que possibilita a qualquer reformado europeu, que ganhe pelo menos 2.000 euros de reforma e tenha a sua primeira morada em Portugal, a isenção de impostos durante pelo menos 10 anos, traduz-se na existência de um elevado número de reformados de outros países europeus com poder de compra muito acima da média portuguesa a comprar e a arrendar casas.

Também a Autorização de Residência para Atividade de Investimento – Vistos Gold -, que prevê a possibilidade de investidores estrangeiros requererem uma autorização de residência para efeitos do exercício de uma atividade de investimento mediante, nomeadamente, a aquisição de bens imóveis de valor igual ou superior a 500 mil euros, tem contribuído para o aumento do valor das casas.

Lisboa: Nove em 10 casas novas em Lisboa já são vendidas na planta

De acordo com a consultora imobiliária CBRE, a falta de oferta de casas em Lisboa deverá traduzir-se num aumento de 5% no preço de venda em 2018.

A CBRE assinala que cerca de 90% das casas que são atualmente construídas na capital são vendidas ainda em planta. Ou seja, nove em cada dez casas são vendidas ainda antes de estarem construídas.

A consultora assinala ainda que existe um desajustamento no mercado em termos de localização, tipologia e preços das casas: “A maioria dos apartamentos recentemente construídos é de pequena tipologia (T1 e T2) e o preço médio, de 6000 euros o metro quadrado, em Lisboa, é um valor muito desajustado ao poder de compra dos portugueses“, refe a CBRE.

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