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População mobiliza-se contra mina de lítio a céu aberto no Barroso

A população decidiu organizar-se para se opor à devastação de um território equivalente a mais de 500 campos de futebol, criando uma associação. Uma delegação do Bloco, com o deputado Pedro Soares, participou numa assembleia com a população.
A população decidiu organizar-se para se opor à devastação de um território equivalente a mais de 500 campos de futebol
A população decidiu organizar-se para se opor à devastação de um território equivalente a mais de 500 campos de futebol

O povo de Covas do Barroso (Boticas/Vila Real) está em pé de guerra contra o projeto de exploração de lítio em minas a céu aberto que destruirá, num território caracterizado por um exemplar mosaico agro-silvo-pastoril, uma área com 5.5km de comprimento por 2.5km de largura e levará à abertura de enormes crateras com mais de 100 metros de profundidade.

A população decidiu organizar-se para se opor à devastação de um território equivalente a mais de 500 campos de futebol. Criou, para esse efeito, a Associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso que se já se articula nesta luta com a autarquia e com o conselho diretivo do Baldio de Covas.

Uma delegação do Bloco, com o deputado Pedro Soares e dirigentes distritais de Vila Real, participou numa assembleia com a população, reuniu com a Associação e com o presidente do Baldio, visitou a área onde já se verifica a abertura de furos de prospeção e manifestou todo o empenho na defesa dos direitos das populações e das condições ambientais daquele território.

Uma delegação do Bloco, com o deputado Pedro Soares e dirigentes distritais de Vila Real, participou numa assembleia com a população, reuniu com a Associação e com o presidente do Baldio
Uma delegação do Bloco, com o deputado Pedro Soares e dirigentes distritais de Vila Real, participou numa assembleia com a população

Está em causa uma paisagem recentemente classificada pela FAO/ONU como Património Agrícola Mundial (Globally Important Agriculture Heritage System) que inclui três aldeias que resistem ao despovoamento: Covas do Barroso, Romainho e Muro

A empresa mineira Savannah Resources, tem como objetivo ampliar ainda mais a área de exploração e quer que o governo classifique a mina como PIN (Projeto de Interesse Nacional) para evitar o Estudo de Avaliação de Impacte Ambiental. O administrador da empresa mineira anunciou aos seus acionistas que já começou a prospeção e que "Vamos continuar a explorar, de forma intensiva e agressiva nos próximos meses" (já foram feitas 275 perfurações de prospeção).

O processamento da concentração do lítio também está previsto para Covas do Barroso, perto do Rio Covas. Para alimentar o enorme consumo de água da lavaria e de toda a máquina de mineração, o Rio de Covas vai ser desviado e, prevendo que não será suficiente, será usada também água subterrânea.

A população criou a Associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso
A população criou a Associação Unidos em Defesa de Covas do Barroso

As emissões de partículas em suspensão constituem o poluente de maior relevo, a par do ruído e das escorrências que contaminarão o Rio Covas. A escavação e a remoção de milhões de toneladas de minério por ano, apenas a centenas de metros de distância das aldeias de Covas do Barroso, Romainho e Muro, terão como consequência inevitável a poluição do ar e dos recursos hídricos. As emissões de poeiras compostas, entre outros, por sílica, podem provocar doenças respiratórias.

A vida destas populações tornar-se-ia um inferno 24 horas por dia todo o ano, os sistemas ecológicos e os sistemas produtivos locais seriam gravemente afetados pela exploração mineira de grande dimensão. Esta realidade é escondida na sugestiva campanha publicitária para o lítio português que abasteceria um mercado europeu de baterias de Iões-LI para carros elétricos.

De facto, os custos ambientais da extração do lítio não permitem dizer que se trata de uma tecnologia limpa. É altamente consumidora de água, energia, espaços naturais, e é poluente. Os riscos ambientais e sociais são elevados. A realização de um rigoroso Estudo de Avaliação de Impacte Ambiental é indispensável e o governo tem a obrigação e o dever de defender um território considerado Património Agrícola Mundial. As populações de Covas do Barroso preferem a vida à mina.

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