Polónia: Duda reeleito com vitória apertada

13 de julho 2020 - 16:47
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O presidente reeleito apenas venceu em seis das 16 províncias do país, as do Leste e Sudeste, mas a sua superioridade nessas zonas foi suficiente para compensar as derrotas no resto do território. Por Jorge Martins.

Andrzej Duda
Imagem da noite eleitoral de domingo. Foto da campanha de Andrzej Duda/Flickr

Quando falta apenas a contagem final de quatro dos 27.231 distritos eleitorais, é certa a reeleição do presidente Andrzej Duda, do partido Direito e Justiça (PiS), da direita reacionária.

De acordo com os resultados oficiais, o chefe de Estado incumbente obteve 51,1% dos votos contra 48,9% do “marszalek” (presidente do município) de Varsóvia, Rafał Trzaskowski, da liberal-conservadora Plataforma Cívica. Os números finais deverão ficar em 51%-49%.

A participação eleitoral foi de 68,9%, superior à da 1ª volta, em que se cifrara em 64,5%.

Apesar de a maioria dos eleitores ter seguido o apelo dos candidatos eliminados na 1ª volta Szymon Holownia (independente), Wladislaw Kosniak-Kamysz (do agrário PSL) e Robert Biedroń (da social-liberal Wiosna, apoiado pela esquerda) para votar em Trzaskowski e de, segundo uma sondagem da Ipsos, ter recolhido 50,4% de abstencionistas do 1º turno, tal foi insuficiente para evitar a derrota.

Por seu turno, apesar de o seu candidato Krzystof Bosak não ter apelado ao voto em Duda, a esmagadora maioria do eleitorado da Confederação (KWiN), da extrema-direita, votou no atual presidente, o que foi decisivo para o seu triunfo.

Como previmos na nossa antevisão, o presidente reeleito apenas venceu em seis das 16 províncias do país, as do Leste e Sudeste, mas a sua superioridade nessas zonas foi suficiente para compensar as derrotas no resto do território.

Com este triunfo, o PiS mantem o seu domínio das principais instituições do país, já que tem maioria absoluta no Sejm, a câmara baixa do Parlamento, embora não a tenha no Senado, tendo de recorrer ao apoio de senadores independentes para fazer aprovar aí a legislação.

Por isso, tudo indica que, nos próximos tempos, a Polónia continuará com a governação autoritária e reacionária, que lhe tem valido críticas da parte das instituições europeias.

Contudo, tem contra si meio país, não será fácil impor um regime autoritário semelhante ao que Orbán construiu na Hungria.

Nos próximos dias, farei uma análise pormenorizada desta 2ª volta.

Jorge Martins
Sobre o/a autor(a)

Jorge Martins

Professor. Mestre em Geografia Humana e pós-graduado em Ciência Política. Aderente do Bloco de Esquerda em Coimbra