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Polícia detém eurodeputada catalã ao regressar ao país
Cinco anos depois de sair do país e escapar ao julgamento dos governantes com papel na organização do referendo de outubro de 2017 e na subsequente declaração de independência, Clara Ponsatí regressou esta terça-feira à Catalunha, onde ainda está pendente um mandado de detenção. A eurodeputada dos Junts conta ainda com imunidade cautelar concedida pelo Tribunal de Justiça da União Europeia.
Segundo o El Periodico, antes de ser detida no centro de Barcelona, Ponsatí deu uma conferência de imprensa acompanhada da presidente do seu partido, Laura Borràs e o advogado Gonzalo Boye.
"Não vim fazer nenhum pacto com o Estado, mas denunciar a violação sistemática dos nossos direitos, a passividade das instituições catalãs e a necessidade de que as instituições europeias olhem para o outro lado ante a violação sistemática do estado de direito na Catalunha", afirmou a eurodeputada.
A reforma penal negociada pelo Governo do PSOE com a Esquerda Republicana Catalã (ERC) eliminou o polémico crime de sedição e permitiu que o crime de que Ponsatí estava acusada fosse desqualificado para o de desobediência, que não acarreta pena de prisão. E a eurodeputada admite que é "evidente" que isso foi o que permitiu o seu regresso após ter escolhido a Escócia como destino de exílio em 2017. Mas diz que essa alteração ao Código Penal "é um dano colateral que o Governo parece que tem de pagar para lavar um pouco a cara", atirou Ponsatí aos jornalistas que a questionavam sobre uma eventual contradição. "Não vejo nenhuma contradição. Queriam que ficasse no exílio para sempre?", respondeu.
Além de anunciar o seu regresso a conferência de imprensa serviu também para Ponsati lançar críticas ao atual Governo catalão liderado pela ERC, chegando a considerá-lo "uma ferramenta da ocupação espanhola". Após a conferência de imprensa, saiu acompanhada pelos jornalistas pelas ruas do centro de Barcelona, onde foi detida pelos Mossos d'Esquadra.
Aquest és el moment de la detenció de Clara Ponsatí per part dels Mossos per portar-la davant del jutge https://t.co/RlIil53DFm pic.twitter.com/evUj4IR5De
— 324.cat (@324cat) March 28, 2023
Antes perguntaram-lhe por que não se tinha ido apresentar ao Supremo Tribunal, como fez a ex-ministra catalã da Agricultura Meritxell Serret, que acompanhou Puigdemont e outros governantes para Bruxelas e regressou em 2021. No mesmo tom de desafio, respondeu que não tinha ido porque não reconhece "legitimidade" ao juiz Pablo Llarena.
Em Bruxelas, Carles Puigdemont e Toni Comin comentaram a detenção "ilegal" de Ponsatí e disseram esperar que ela possa assistir ao plenário do Parlamento Europeu que se realiza esta semana. "Se não puder, estarão a violar o direito à representação política de um milhão de cidadãos europeus", afirmou Comin. O ex-chefe de Governo preferiu criticar a sua ex-ministra Meritxell Serret, dizendo que o regresso de Clara Ponsatí foi combinado com os restantes exilados e não feito pelas costas.
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